Residente no bairro São Francisco, em Sena Madureira, o aposentado Claudir Domingos da Silva, de 80 anos, carrega em sua trajetória uma história marcante. Oriundo da zona rural, ele foi um dos grandes seringueiros da região e chegou a produzir, em um único ano, mais de 2 mil quilos de borracha, quebrando diversos recordes.
Acreano que começou a cortar seringa aos 10 anos diz que já produziu mais de 2 mil kg de borracha/Foto: Reprodução
Da geração antiga, seu Claudir conta que começou a cortar seringa aos 10 anos de idade, influenciado pelo pai. “A minha vida toda foi trabalhando. Comecei com 10 anos e fiquei até os 14 cortando seringa com meu pai. Depois, fui para o Icuriã, no rio Iaco, onde o patrão era o senhor Zé Badeco, já falecido”, relembrou.
Naquela época, os patrões ofereciam prêmios para quem produzisse mais borracha durante o ano, como forma de incentivar os seringueiros e, ao mesmo tempo, aumentar a produção. Surgia, então, a figura do “Tuchau”, título dado ao campeão da borracha. “No Icuriã, fiz 1.940 quilos em um ano e ganhei uma sanfona como prêmio”, frisou.
Mais tarde, seu Claudir mudou-se para o rio Macauã, na comunidade Cachoeira, onde teve como patrão Adaltivo Bezerra. No Cachoeira, ele produziu 2.209 quilos e faturou como prêmio uma máquina de costura. “Naquele tempo, a borracha tinha muito valor. Lembro que uma vez tive um lucro de 366 mil Cruzeiros. Era uma rotina pesada, mas eu era novo e dava conta. Acordava de madrugada para tirar cavaco e, por volta das 4 horas, já saía para cortar. Tinha que fazer o corte, depois colher o leite, defumar e produzir a borracha. Hoje, ainda me lembro com saudade daqueles tempos”, salientou.
Seu Claudir contou que abandonou a atividade após a desvalorização da borracha. O cenário tornou-se inviável para o sustento da família, e ele migrou para a agricultura.
Apesar de ter passado vários anos cortando seringa, ele não conseguiu se aposentar como soldado da borracha.

