Delegado vê conexão entre furtos de cobre e dependência química e pede união de forças

Os crimes recorrentes têm prejudicado o funcionamento de muitos estabelecimentos comerciais

Na manhã desta quinta-feira (10), representantes das forças de segurança e do setor empresarial estiveram reunidos na sede da Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa) para discutir uma crescente preocupação em Rio Branco: os furtos de cabos de cobre no centro da cidade.

Os crimes recorrentes têm prejudicado o funcionamento de muitos estabelecimentos comerciais, o que levou à convocação do encontro. A presidente da Acisa, Patrícia Dossa, relatou que a frequência das ocorrências tem desestimulado lojistas a registrarem boletins de ocorrência.

Os furtos de fio de cobre tem aumentado na capital acreana/Foto: Reprodução

“Tem comerciante que nos relata que toda semana tem acontecido esses roubos. Muitos nem vão mais à delegacia. Pensam: ‘não vai adiantar’. Já aconteceu comigo, peguei uma pessoa dentro da loja e no outro dia estava solto. Então, muitos desanimaram até com a coisa de fazer o BO”, relatou.

Ela reforçou ainda o compromisso da associação com os empresários da capital e defendeu o esforço conjunto entre iniciativa privada e poder público. “A mudança do Centro Pop já deu alguma melhora, mas não é só no centro que vem acontecendo. Nós acreditamos muito na parceria pública e privada. Temos também que ajudar o poder público a resolver esses problemas”, acrescentou.

Presente na reunião, o delegado Nilton Boscaro, que dirige a Inteligência da Polícia Civil e atua na Capital e no Interior, ressaltou a importância do registro das ocorrências para fortalecer a atuação policial. “Se esse dado não chega até a Polícia Civil, isso prejudica no trabalho. A segurança pública é um problema de todos, não só da polícia. É fundamental esse diálogo com a Acisa e os comerciantes”, observou.

Boscaro também apontou a relação dos crimes com o consumo de drogas, ao explicar o perfil dos envolvidos. “Normalmente, quem comete esse tipo de crime são usuários. São pessoas que, por conta do vício, praticam furtos para revender o cobre e conseguir dinheiro. A gente traz aí a complexidade da segurança pública, porque não é só uma questão policial. Envolve saúde, assistência social, justiça criminal e civil”, explicou.

O delegado ainda informou que operações estão em curso para identificar os envolvidos nos furtos e também os receptadores do material. “Estamos trabalhando com hipóteses de que esse material não esteja sendo escoado apenas no estado, mas também fora dele. Tudo está sendo investigado”, afirmou.

O encontro também contou com a presença de representantes da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública.