Família cobra investigação após acreano ser assassinado no Peru e diz que ele teria sido ameaçado

Francisco teria pedido as contas recentemente, após mais de uma década trabalhando com a mesma família peruana

Francisco de Souza, conhecido como “Chiquinho”, natural de Sena Madureira, no interior do Acre, que vivia e trabalhava há mais de 20 anos em território peruano, foi brutalmente assassinado no último dia 5 de maio, na zona rural da região de Ibéria, no Peru, a cerca de 58 km de Iñapari, cidade que faz fronteira com Assis Brasil (AC). Segundo a família, ele havia relatado ameaças dias antes do crime.

De acordo com as informações inicias, Francisco foi atacado por dois homens enquanto trabalhava em uma propriedade rural. Ele foi rendido, amarrado com as mãos para trás e golpeado com uma foice até a morte. A família alega que não houve avanço efetivo nas investigações e relata a falta de informações e o silêncio das autoridades.

Francisco foi brutalmente assassinado no Peru/ Foto: Reprodução

“É uma dor que corrói a gente por dentro. Já vai pra mais de uma semana, nove dias, e os caras ainda não foram presos de fato. Dizem que ainda esperam uma autorização do juiz… Isso revolta, porque meu irmão era um trabalhador. A justiça é injusta com quem trabalha, com pessoas de bem”, desabafou o irmão da vítima, que prefere não se identificar, em entrevista ao ContilNet.

Segundo ele, Francisco havia relatado à família que estava sendo ameaçado e chegou a enviar um áudio à irmã, alertando que, se algo acontecesse, ela saberia do que se tratava. Depois disso, não deu mais notícias. O irmão acredita que as circunstâncias do crime indicam algo premeditado.

“Ele mandou esse áudio pra minha irmã dizendo que tinha escutado uma conversa estranha e que se algo acontecesse com ele, ela ia saber. Depois disso, sumiu. A gente estranhou também o comportamento do patrão dele e da esposa. Diziam uma coisa pra mim e outra pra minha irmã. Nunca batiam as versões. Isso é muito suspeito.”

Francisco teria pedido as contas recentemente, após mais de uma década trabalhando com a mesma família peruana. A relação com os empregadores, segundo o irmão, vinha se deteriorando. Ele afirma ainda que o patrão demonstrava ciúmes da esposa em relação a Francisco, o que pode ter motivado desentendimentos.

A família também aponta outro possível fator de conflito, que se trata de e uma quantia de dinheiro que Francisco teria emprestado a um boliviano, que não o devolveu e estaria sendo cobrado.

“Ele tinha emprestado um dinheiro para um boliviano, e esse dinheiro boliviano estava com três semanas que tinha ficado de pagar, e não pagava. A gente questionou sobre esse boliviano para esse patrão dele, ele pulou lá muito dentro disse que não, negativo, ele mesmo não tinha sido. Eu acho que tinha que investigar por lá porque ele foi ameaçado”, disse.

Sem recursos e sem apoio das autoridades brasileiras, os familiares seguem buscando justiça. A irmã de Francisco, que havia se mudado ao Peru por influência do irmão, retornou ao Brasil após o assassinato, temendo pela própria segurança.

“É muito triste ver uma vida de trabalho acabar assim, sem explicação. A gente não quer vingança, só justiça. E que investiguem de verdade. Ele foi ameaçado. Isso não pode ser ignorado”, finalizou o irmão da vítima.