Lula se manifesta sobre esquema de fraudes no INSS após silêncio de uma semana

Presidente atribui ao próprio governo ação que desmontou esquema de descontos indevidos

Após uma semana sem se pronunciar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou pela primeira vez sobre o escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) durante discurso em celebração ao Dia do Trabalho (1º de Maio).

O que Lula disse sobre o escândalo

Em seu pronunciamento, o presidente fez questão de destacar que seu governo “desmontou” o esquema criminoso de cobranças indevidas que atingia aposentados e pensionistas desde 2019. No entanto, Lula não mencionou o nome do ministro da Previdência, Carlos Lupi, que é central na crise. “Nosso governo, por meio da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas”, afirmou.

O presidente fez questão de destacar que seu governo “desmontou” o esquema criminoso de cobranças indevidas /  Foto: Reprodução

Motivos do silêncio inicial

Lula optou por se manter em silêncio para não ser diretamente associado ao escândalo. A Secom (Secretaria de Comunicação) do Planalto havia evitado envolver o presidente para não amplificar a crise. Para assessores, um pronunciamento de Lula, além das ações em andamento, não traria benefícios práticos e, ao contrário, poderia arrastá-lo para o centro da polêmica.

O irmão de Lula no meio da crise

Aliados de Lula também apontam que o fato de seu irmão, Frei Chico, ser vice-presidente de um dos sindicatos investigados poderia gerar um desgaste político. Embora não esteja diretamente envolvido nos inquéritos, a associação com o caso poderia ser usada pela oposição para acusar o presidente de proteger parentes.

O papel do governo federal

O Planalto alegou que o governo já vinha se manifestando por meio dos ministros responsáveis. A ação da PF e da CGU foi seguida de uma coletiva com os chefes das instituições e ministros da Justiça e da Previdência. O governo também apontou que a fraude teria começado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), em 2019, e que as medidas de fiscalização só agora começaram a ser implementadas.

Medidas urgentes para devolver o dinheiro

Lula tem pressa em devolver os valores retirados de maneira fraudulenta. Com a CGU à frente das ações, o governo já bloqueou os descontos indevidos e iniciou um processo interministerial para devolver o dinheiro aos prejudicados. No entanto, o governo enfrenta a dificuldade de fazer isso de forma rápida, uma vez que o processo é técnico e não segue os tempos da política.

Lupi no centro das críticas

O ministro Carlos Lupi tem gerado desconforto no Planalto. Ele pediu à AGU autorização para nomear Virgílio Antônio Filho, suspeito de receber propina, para o cargo de procurador-geral do INSS. Por enquanto, Lupi segue no cargo, mas sua posição no governo está sendo questionada.

A oposição intensifica a pressão

No Congresso, a oposição já reuniu 185 assinaturas para solicitar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes no INSS. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também tenta viabilizar a criação de uma comissão mista, com deputados e senadores, para investigar o caso.