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Um headset com tecnologia de aprimoramento visual está mudando a forma como pessoas com deficiência visual acompanham partidas de futebol nos estádios. A novidade permitiu que um torcedor assistisse seu time jogar ao vivo pela primeira vez.
Segundo a BBC, a experiência mostra como recursos como câmeras, zoom e ajustes de contraste podem tornar o esporte mais acessível e transformar a relação dos fãs com o jogo.

Um torcedor, uma primeira vez inesquecível
Jon Attenborough acompanha o Dundee United há quase 20 anos. Mesmo frequentando o estádio regularmente, sua deficiência visual sempre limitou a forma como ele acompanhava o que acontecia em campo. Isso mudou com o uso do headset GiveVision, testado por ele em uma partida recente no Tannadice Park.
Foi absolutamente incrível. Já vi isso na televisão, mas não é a mesma coisa que estar no estádio, imerso na atmosfera.
Jon Attenborough, torcedor do Dundee United, à BBC.
Para ele, o ponto alto foi ver o time sair do túnel e se alinhar antes do apito inicial.
A experiência pessoal de Jon ilustra um cenário mais amplo: o potencial da tecnologia para ampliar a inclusão no esporte.

Como funciona o headset GiveVision
O GiveVision é um fone de ouvido com câmeras posicionadas na parte frontal e lentes internas que projetam as imagens diretamente para os olhos do usuário. Com um controle remoto, é possível dar zoom e ajustar brilho e contraste, adaptando a visualização às limitações de cada pessoa.
Jon, que não enxerga com o olho direito e tem visão limitada no esquerdo, conseguiu algo inédito. “Eu estava na última fila do setor inferior e pude ler os nomes dos jogadores nas costas das camisas pela primeira vez”, contou. Ele também conseguiu acompanhar a movimentação do técnico à beira do campo, algo que nunca tinha experimentado.
Entre os principais recursos do headset, estão:
- Câmeras frontais para captar a ação em tempo real.
- Zoom ajustável para aproximar detalhes distantes.
- Controle de brilho e contraste de cores.
- Uso direto no estádio, sem depender de telas externas.
Mais do que um jogo, um novo horizonte
Até então, Jon dependia da audiodescrição oferecida pelo clube, serviço que ele considera essencial. “Sempre imaginei que essa seria toda a minha experiência com futebol”, afirmou. A possibilidade de ver o jogo ao vivo, porém, trouxe uma nova perspectiva.
Após testar o dispositivo em dois estádios diferentes, ele passou a refletir sobre o futuro. “Minha mente começou a trabalhar e me fez pensar onde essa tecnologia pode chegar? Abriu um mundo totalmente novo para mim.”
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O headset está emprestado para testes e coleta de feedback, o que contribui para o desenvolvimento de versões futuras. Para Jon, isso significa mais oportunidades, como assistir ao primeiro clássico de Dundee com recursos visuais. Mesmo sem gols na última partida, a experiência foi marcante. “Isso teria sido a cereja do bolo”, brincou.
No fim das contas, a tecnologia não substitui a emoção do futebol — ela a amplia. Para muitos torcedores, pode ser a chance de finalmente enxergar o jogo como sempre sonharam.
