Novas observações coloridas revelam o brilho esverdeado do cometa 3I/ATLAS

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Uma nova imagem do cometa 3I/ATLAS foi capturada pelo telescópio Gemini do Norte recentemente. Registros como esse ajudam os cientistas a entender como o objeto interestelar mudou após a aproximação máxima com o Sol, que aconteceu no fim de outubro.

De acordo com um comunicado, a imagem foi obtida como parte de uma iniciativa de divulgação científica que permite a participação direta de estudantes e do público interagindo com pesquisadores. Nesse formato, pessoas de todo o planeta acompanham as observações de alguns dos telescópios mais avançados do mundo.

Em resumo:

  • Telescópio no Havaí registrou novas imagens do cometa 3I/ATLAS;
  • Observações analisam mudanças pós-encontro próximo com o Sol;
  • Iniciativa faz parte de projeto educacional e ciência cidadã;
  • Imagem colorida revela movimento, composição química e brilho esverdeado;
  • Dados ajudam a entender o comportamento de visitantes interestelares e aproximam público da ciência.
O cometa 3I/ATLAS atravessa estrelas e galáxias nesta imagem capturada pelo Espectrógrafo Multi-Objeto Gemini (GMOS) no Gemini Norte, em Maunakea, Havaí. Crédito: Processamento de imagens: J. Miller e M. Rodriguez (Observatório Internacional Gemini/NSF NOIRLab), TA Rector (Universidade do Alasca em Anchorage/NSF NOIRLab), M. Zamani (NSF NOIRLab)

Instalado no topo do Mauna Kea, no Havaí, a cerca de 4.200 metros de altitude, o telescópio Gemini do Norte fica em uma das posições mais privilegiadas a Terra para observações astronômicas, graças à atmosfera limpa e seca o local, que reduz distorções e melhora a qualidade das imagens. Ele integra o Observatório Internacional Gemini, um projeto que conta também com o Gemini do Sul, localizado no Chile. Juntos, os dois telescópios permitem a observação detalhada de praticamente todo o céu, cobrindo os dois hemisférios.

A nova imagem do 3I/ATLAS foi obtida em 26 de novembro de 2025 com o uso do Espectrógrafo Multi-Objeto Gemini (GMOS), um instrumento que permite analisar tanto a forma quanto a composição química de objetos distantes.

Ao reaparecer no céu, após passar pelo periélio (ponto mais próximo do Sol), o cometa foi observado próximo a Zaniah, um sistema estelar triplo localizado na constelação de Virgem. As observações integraram uma ação conjunta do Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia Óptica e Infravermelha da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos (NSF NOIRLab) com o projeto “Acompanhe os cientistas”, voltado à aproximação entre ciência e público.

Instalado no topo do Mauna Kea, no Havaí, a cerca de 4.200 metros de altitude, o telescópio Gemini do Norte está em um dos melhores locais do mundo, onde a atmosfera limpa e seca garante imagens astronômicas nítidas. Crédito: Fivetonine – Shutterstock

A foto divulgada é uma composição feita a partir de exposições em quatro filtros diferentes: azul, verde, laranja e vermelho. Durante as capturas, o telescópio acompanha o movimento do 3I/ATLAS, mantendo-o centralizado no campo de visão.

Enquanto o objeto permanece fixo, as estrelas ao fundo parecem se mover, formando faixas coloridas na imagem final. Esse efeito visual ajuda a destacar o deslocamento do cometa em relação ao céu de fundo.

Em imagens anteriores, feitas com o Gemini do Sul, ele apresentava uma coloração mais avermelhada. Já nos novos registros, exibe um brilho levemente esverdeado, resultado da luz emitida pelos gases da sua coma, principalmente o carbono diatômico (C2). Trata-se de uma molécula formada por dois átomos de carbono que emite luz em comprimentos de onda verdes quando aquecida pelo Sol.

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Ainda não se sabe como o 3I/ATLAS vai se comportar à medida que se afasta mais do Sol e esfria. Em muitos cometas, o calor solar leva tempo para atingir o interior, o que pode provocar reações tardias, como liberações súbitas de gás.

Por isso, o telescópio Gemini continuará monitorando o cometa enquanto ele deixa o Sistema Solar. O objetivo é detectar possíveis mudanças na composição química e eventuais explosões.

Para os organizadores, iniciativas como essa reforçam a importância de unir pesquisa de ponta e divulgação científica. Ao envolver estudantes em observações reais, o programa amplia o acesso ao conhecimento e incentiva o interesse pela ciência. “Compartilhar uma experiência de observação em condições tão privilegiadas oferece ao público uma visão direta do nosso visitante interestelar”, afirma Bryce Bolin. Segundo ele, mostrar como os astrônomos trabalham ajuda a tornar o processo científico mais transparente e compreensível.

Sonda perdida da NASA detectou hidrogênio no 3I/ATLAS

A sonda MAVEN, que orbita Marte há mais de 11 anos, deixou de responder aos comandos da NASA no último dia 6, após passar pela região em que o planeta bloqueia naturalmente o sinal com a Terra. O contato com a espaçonave deveria ter sido restabelecido assim que terminasse a ocultação, mas isso não aconteceu. 

A sonda MAVEN, na órbita de Marte, foi usada pela NASA para investigar o cometa 3I/ATLAS. Créditos: Imagem gerada por IA/Gemini – Inserção: NASA/Goddard/LASP/CU Boulder

Lançada em novembro de 2013, a sonda entrou na órbita marciana em setembro do ano seguinte. Sigla em inglês para “Evolução da Atmosfera e dos Voláteis de Marte”, a missão MAVEN busca entender como a atmosfera marciana se transformou ao longo do tempo e por que grande parte dela escapou para o espaço.

No entanto, além de sua importância científica para estudar Marte, a MAVEN também ganhou destaque por ter sido uma das espaçonaves escolhidas pela NASA para redirecionar temporariamente seus instrumentos para outro alvo: o cometa interestelar 3I/ATLAS. Saiba mais detalhes aqui.