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A Paramount anunciou uma nova ofensiva para assumir o controle da Warner Bros. Discovery (WBD). A iniciativa ocorre poucos dias após a empresa perder para a Netflix uma disputa que durou meses pelos ativos de estúdio e streaming da WBD. O movimento marca uma escalada nas negociações e pressiona diretamente os acionistas da companhia.
A proposta, revelada nesta segunda-feira (8), recoloca a Paramount Skydance no centro da disputa por um dos maiores conglomerados de mídia do mundo. A estratégia agora é avançar sem intermediação do conselho da WBD, tentando convencer investidores com uma oferta em dinheiro mais elevada.
O que é uma oferta hostil?
Uma oferta hostil acontece quando uma empresa tenta adquirir outra sem o apoio da sua diretoria. Em vez de negociar diretamente com os executivos da companhia-alvo, o comprador leva a proposta diretamente aos acionistas, buscando convencê-los a aceitar a venda mesmo diante da resistência interna.
Esse tipo de abordagem costuma aparecer em disputas estratégicas ou quando há desacordo sobre o valor da empresa. Como ignora a cúpula da organização que está sendo adquirida, a oferta hostil geralmente cria um clima de tensão no mercado e pode desencadear reações imediatas, como contraofertas, busca por novos compradores ou medidas defensivas da empresa-alvo.
Oferta de US$ 30 por ação mira decisão direta dos acionistas
A Paramount afirmou que levará a proposta de US$ 30 por ação, totalmente em dinheiro, diretamente aos acionistas da WBD. O valor é o mesmo rejeitado pela empresa na semana anterior e representa uma avaliação de US$ 108,4 bilhões. Segundo a Paramount, a oferta conta com aporte da família Ellison, da RedBird Capital, além de US$ 54 bilhões em compromissos de dívida fornecidos por Bank of America, Citi e Apollo Global Management.
O anúncio teve impacto imediato no mercado. As ações da Paramount subiram cerca de 4% no pregão inicial, enquanto as da WBD avançaram cerca de 6%. A Netflix, que firmou acordo pela compra dos ativos de estúdio e do serviço HBO Max na sexta-feira, registrou queda de aproximadamente 3%.
Em entrevista à CNBC, o CEO da Paramount Skydance, David Ellison, afirmou que a companhia mantém a intenção de completar um processo iniciado meses atrás. “Estamos aqui para terminar o que começamos”, disse Ellison.
Paramount tenta manter a WBD unificada
A disputa começou em setembro, quando a Paramount iniciou a busca pela WBD com três propostas antes de o grupo abrir formalmente o processo de venda. Na sexta-feira, a Netflix surpreendeu ao anunciar a compra dos ativos de estúdio e streaming por uma combinação de ações e dinheiro, avaliando o negócio em US$ 27,75 por ação, ou US$ 72 bilhões.
A Paramount, porém, sempre defendeu que a manutenção integral da Warner Bros. Discovery — incluindo canais como CNN e TNT Sports — seria mais vantajosa para os acionistas. Ellison reforçou que sua oferta coloca a empresa inteira em jogo, diferentemente da proposta da Netflix, que não inclui os canais lineares.
“Estamos oferecendo US$ 17,6 bilhões a mais em dinheiro do que o acordo atual com a Netflix”, declarou Ellison.
Divergências sobre o valor dos canais lineares
Ellison também comentou como avalia os ativos tradicionais de TV. Ele atribui cerca de US$ 1 por ação aos canais lineares que devem integrar uma nova empresa pública chamada Discovery Global a partir de meados de 2026. Em contraste, executivos da WBD avaliam os mesmos ativos em aproximadamente US$ 3 por ação.
A Paramount destaca ainda que fez ajustes solicitados pela WBD em sua proposta de 1º de dezembro, aumentando o valor para US$ 30 por ação. Segundo Ellison, após esse reajuste, não houve retorno do CEO da WBD, David Zaslav.
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Regulação e clima político entram no debate
Ellison sinalizou que a Paramount estaria disposta a elevar novamente a oferta, caso necessário. Ele afirmou também que a fusão entre as duas empresas teria um processo regulatório mais rápido graças ao menor porte da Paramount e ao bom relacionamento da companhia com o governo Donald Trump, ressaltando que o presidente é um apoiador da “competição”.
Por outro lado, o executivo expressou dúvidas sobre a aprovação do acordo da Netflix, classificando a junção do maior serviço de streaming com o terceiro maior como “anticompetitiva”.
Relatos da CNBC indicam que a administração Trump analisa o acordo da Netflix com “ceticismo intenso”. No domingo, o presidente afirmou que questões relacionadas à participação de mercado podem representar um “problema”.
Multas bilionárias em caso de desistência
Segundo documentos enviados à SEC, a Netflix concordou em pagar US$ 5,8 bilhões caso o acordo não seja aprovado pelos reguladores. Já a WBD poderá pagar US$ 2,8 bilhões se optar por desistir da operação para buscar outra fusão.
