A cidade de São Paulo vive o ano mais violento para mulheres desde o início da série histórica de feminicídios, iniciada em 2015. Entre janeiro e outubro de 2025, a capital registrou 53 assassinatos motivados por violência de gênero, superando todas as marcas anteriores.
Os números constam no Portal da Transparência da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), que considera feminicídio quando a polícia enquadra a agravante prevista no Código Penal no boletim de ocorrência do caso.
Comparando os registros do mesmo período em anos anteriores, a escalada impressiona: foram 42 casos em 2024, 31 em 2023, 31 em 2022, 29 em 2021, 30 em 2020, 36 em 2019 e números ainda menores entre 2015 e 2018, quando a tipificação começava a se consolidar.
No total, o estado de São Paulo contabilizou 207 feminicídios de janeiro a outubro de 2025 — sendo 101 ocorrências no interior, 40 na Demacro e os 53 na capital.
Crescimento já era perceptível no 1º semestre
Entre janeiro e maio deste ano, a capital havia registrado 29 feminicídios, o maior número para um primeiro semestre desde que o crime passou a ser tipificado. A Lei do Feminicídio, criada em 2015, classifica esses assassinatos como homicídio qualificado, quando há violência doméstica, familiar ou quando o crime envolve menosprezo à condição de mulher.
Casos recentes chocam São Paulo
No sábado (29), uma mulher de 31 anos foi brutalmente atropelada e arrastada por um carro na Marginal Tietê, na região da Vila Maria. Imagens mostram a vítima caminhando com o suspeito antes do ataque. Trinta segundos depois, o motorista acelera com um Volkswagen Golf, atropela a mulher, passa por cima dela e a arrasta pela via.
O autor, identificado como Douglas Alves da Silva, 26, foi preso no domingo (30). A SSP afirmou que ele agiu com intenção de matar. A vítima teve as duas pernas amputadas abaixo dos joelhos e permanece internada em estado grave no Hospital Municipal Vereador José Storopolli.
Em outro caso, também na zona Norte, Bruno Lopes Fernandes Barreto é procurado pela polícia após entrar em uma pastelaria no Jardim Fontalis e disparar ao menos seis vezes contra a ex-companheira, utilizando duas armas. Informações obtidas pela CNN indicam que o ataque teria sido motivado por ciúmes, após o agressor descobrir que a vítima estaria se relacionando com outra mulher. A Polícia Civil pediu sua prisão temporária.
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