Turbidez histórica no Rio Acre prejudica distribuição de água e acende alerta em Rio Branco

A captação de água no Rio Acre tem enfrentado um dos períodos mais críticos dos últimos anos, segundo informou a Prefeitura de Rio Branco, por meio do Serviço de Água e Esgoto (Saerb), nesta quinta-feira (20). As fortes chuvas que marcam o início do inverno amazônico provocaram um aumento expressivo na turbidez da água, o que tem afetado diretamente o tratamento e a distribuição na capital.

Turbidez histórica no Rio Acre prejudica distribuição de água e acende alerta em Rio Branco/Foto: Reprodução

De acordo com o órgão, desde 11 de outubro a água do rio apresenta níveis de turbidez muito acima do esperado para esta época do ano. Em dias considerados normais, quando os índices ficam abaixo de 800 NTU (Unidade Nefelométrica de Turbidez), as Estações de Tratamento de Água (ETAs) I e II conseguem operar com sua capacidade total, produzindo até 1.600 litros por segundo.

Neste ano, porém, o cenário fugiu completamente do padrão histórico. No dia 14 de novembro, o Saerb registrou 3.850 NTU, o maior índice dos últimos dois anos. A situação forçou a autarquia a reduzir a produção de água para preservar a qualidade do abastecimento. Em algumas ocasiões, o corte chegou a 30% da capacidade total. Nos últimos 40 dias, em 18 deles a produção precisou ser reduzida em 20%, passando de 1.600 para 1.280 litros por segundo.

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Fonte: Saerb/Foto: Reprodução

O problema não se limita à água turva. A presença constante de balseiros — grandes conjuntos de galhos e detritos arrastados pela correnteza — tem sido outro desafio que se repete desde outubro, em volumes considerados inéditos pelo Saerb.

Atualmente, a autarquia opera com 87,8% da capacidade, produzindo 1.405 litros por segundo. Segundo o órgão, não é possível aumentar a vazão enquanto os níveis de turbidez permanecerem elevados, já que isso comprometeria a qualidade da água distribuída à população.

A consequência direta é a intermitência no abastecimento, com rodízios mais frequentes e fornecimento reduzido em vários bairros da capital. Apesar de episódios de turbidez elevada serem comuns no começo do período chuvoso, o comportamento registrado neste ano é classificado como “completamente fora do normal”.

No comunicado, o Saerb reforçou que o monitoramento é contínuo e que a produção será ampliada assim que as condições do Rio Acre permitirem. A autarquia também agradeceu a compreensão da população e garantiu transparência na divulgação das informações.

Nota da Prefeitura de Rio Branco, por meio do Saerb, na íntegra:

“Nos últimos dias, a captação de água do Rio Acre tem enfrentado sérios desafios devido às intensas chuvas iniciais do período do inverno. Desde o dia 11 de outubro, a turbidez da água, somada à presença de balseiros, tem aumentado significativamente, prejudicando tanto o processo de captação quanto o tratamento da água.

Em condições normais, com turbidez inferior a 800 NTU (Unidade Nefelométrica de Turbidez), as Estações de Tratamento de Água (ETAs) I e II do SAERB têm capacidade para tratar até 1.600 litros por segundo. A turbidez, medida em NTU, indica o grau de turvação da água, causado pela presença de partículas em suspensão.

Contudo, desde outubro, os níveis de turbidez têm alcançado índices alarmantes, com picos de até 3.850 NTU em 14 de novembro – o maior registrado desde 2022. Essa situação prolongada tem levado à necessidade de redução da produção de água para garantir a qualidade do abastecimento, chegando, em alguns dias, a cortes de até 30% da produção. Em 18 dos últimos 40 dias, a produção foi reduzida em 20%, passando de 1.600 para 1.280 litros por segundo.

Os gráficos abaixo mostram a série histórica da turbidez no ponto de captação das ETAs I e II, evidenciando a gravidade desta situação atípica.

A alta turbidez tem um impacto direto na distribuição de água, pois a produção precisa ser ajustada para atender aos padrões de qualidade. Em consequência, o sistema de abastecimento tem apresentado intermitência, com rodízios mais frequentes e tempo de fornecimento reduzido. Embora situações de turbidez elevada sejam comuns nesta época do ano, o que ocorre este ano é completamente fora do normal, com níveis de turbidez nunca observados em anos anteriores. Para se ter uma ideia, em outubro, a turbidez ultrapassou 1.000 NTU por 11 dias consecutivos, e já em novembro, estamos no 7º dia com turbidez superior a 1.320 NTU.

Outro fator agravante são os balseiros, que têm se repetido com frequência desde o dia 11 de outubro, em volumes históricos e sem precedentes.

Apesar dessas condições adversas, que resultam de fenômenos naturais, a Prefeitura, por meio do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), tem trabalhado incansavelmente para manter o sistema de abastecimento em operação. A produção de água tem sido ajustada dentro dos limites possíveis, para garantir a qualidade da água distribuída aos nossos usuários.

Atualmente, o Saerb está operando com capacidade de 87,8%, produzindo 1.405 litros por segundo. Não é possível aumentar a vazão de tratamento devido às atuais condições de turbidez, pois isso comprometeria a qualidade da água. Contudo, o monitoramento do sistema é contínuo, e, caso as condições melhorem, a produção será ajustada de forma a atender à demanda.

A turbidez da água é medida em NTU (Unidade Nefelométrica de Turbidez), que indica o grau de clareza da água. Quanto mais alta a turbidez, maior a presença de partículas em suspensão, tornando a água turva ou suja.

Agradecemos a compreensão da população e reforçamos nosso compromisso com a transparência e a qualidade do abastecimento de água em nossa cidade.”