Cruzeiro do Sul contabilizou 19 mortes violentas intencionais (MVI) entre janeiro e outubro de 2025, segundo dados do Painel de Acompanhamento do Ministério Público do Acre (MPAC). O município é o segundo com maior número de registros no estado, atrás apenas de Rio Branco, que somou 78 ocorrências no mesmo período.

No total, o Acre registrou 159 mortes violentas em 150 ocorrências nos dez primeiros meses do ano, número superior ao contabilizado no mesmo intervalo de 2024, quando foram 146 vítimas. O MPAC aponta que a principal motivação segue sendo o conflito entre facções criminosas, responsável por mais de 40% das fatalidades.
Com 19 casos, Cruzeiro do Sul aparece à frente de cidades como Epitaciolândia (9), Feijó (7) e Assis Brasil (5). A concentração das ocorrências em Rio Branco e Cruzeiro do Sul reforça o peso do crime organizado nesses centros urbanos, considerados estratégicos pela posição geográfica, circulação de pessoas e disputa territorial entre facções.
Especialistas destacam que a localização de Cruzeiro do Sul, com acesso fluvial e proximidade com fronteiras, favorece rotas de tráfico e contribui para o aumento da violência.
Embora o MPAC ainda não tenha divulgado o detalhamento específico de Cruzeiro do Sul, o perfil estadual reflete o cenário local. Os dados apontam:
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88,05% das vítimas são homens;
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55,97% dos crimes envolvem arma de fogo;
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40,25% das mortes estão relacionadas a disputas entre facções.
Outras motivações incluem conflitos pessoais, uso de álcool, feminicídios e latrocínios, embora em menor proporção.
Maio liderou o número de mortes violentas no estado, com 23 casos, seguido de março (21). Agosto, setembro e outubro registraram 18 ocorrências cada, indicando uma relativa estabilidade no trimestre, mas ainda em patamar elevado. A tendência pode refletir ações conjuntas das forças de segurança, ao mesmo tempo em que demonstra a persistência do risco.
O aumento dos índices em Cruzeiro do Sul reforça a necessidade de políticas mais firmes de enfrentamento ao crime organizado, aliadas a ações de prevenção e inclusão social. Investigações mais qualificadas, ocupação territorial e integração entre os órgãos de segurança são apontadas como medidas essenciais para conter a escalada da violência.
A expectativa é que novos informes do MPAC tragam recortes mais detalhados sobre o comportamento da criminalidade no município, incluindo informações por bairro e contexto das ocorrências.
