O Brasil elevou o nível de compromisso ambiental na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30. A ideia é dar o exemplo, como país anfitrião do encontro, para que as promessas feitas ao longo de três décadas sejam efetivadas. As palavras de ordem são mitigação e adaptação, já que evitar o aquecimento já não é possível.

Ou seja, reduzir as emissões de gases do efeito estufa e implementar formas de capturar esses gases da atmosfera. E modificar estruturas de cidades, áreas rurais e até florestas para suportar com o menor dano possível os efeitos climáticos cada vez mais fortes e frequentes. Como temporais, secas, enchentes e até os tornados que atingiram o Paraná recentemente.
Ouça a versão estendida no Spotify:
“O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% suas emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa em todos os setores da economia. Em Belém, o mundo vai conhecer a realidade da Amazônia. O Brasil já reduziu pela metade o desmatamento na região nos dois últimos anos. Erradicá-lo requer garantir condições dignas de vida para seus milhões de habitantes. É chegado o momento de passar da fase de negociação para a etapa de implementação.”
Essa fala do presidente Lula foi no discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro, no qual ele lista parte das propostas do Brasil para o debate climático. Já na abertura da COP30, no dia 10 de novembro, Lula falou de outros compromissos assumidos pelo país:
“Lançamos o Fundo de Floresta Tropical Para Sempre, um mecanismo inovador que angariou num só dia US$ 5,5 bilhões em anúncio de investimento. Adotamos compromissos coletivos sobre o manejo integrado do fogo, o direito à posse da terra por povos indígenas e tradicionais, a quadriplicação da produção de combustível sustentável, a criação de uma coalizão sobre mercado de carbono e o alinhamento da ação climática ao combater fome e a pobreza e mais: e a luta contra o racismo ambiental.”
Como funciona
O Fundo de Floresta Tropical Para Sempre é um modelo de financiamento com recursos públicos e privados que pode beneficiar cerca de 70 países que abrigam essas matas, como:
- Brasil,
- Colômbia,
- Peru,
- Indonésia,
- República Democrática do Congo, e
- Gana.
O fundo prevê o repasse a países que trabalhem para preservar essas áreas. E mais: pelo menos 20% dos pagamentos devem ir para populações indígenas e comunidades tradicionais.
Outra proposta do Brasil é a criação da Coalizão Aberta para Integração dos Mercados de Carbono. Com adesão voluntária, a ideia é conciliar os diferentes sistemas de comércio de créditos de carbono já existentes, para organizar o setor dando mais previsibilidade e transparência.
Adaptação das cidades
O Brasil elabora, desde 2023, o Plano Clima, para substituir e atualizar o Plano Nacional de Adaptação. O documento reúne as estratégias que cada país apresenta para a Convenção do Clima da ONU com o objetivo de responder aos impactos das mudanças climáticas.
É o que precisa mudar nas cidades, até 2035, para evitar mortes e grandes prejuízos quando ocorrem desastres como cheias, secas ou chuvas intensas.
O último plano de adaptação do Brasil foi entregue em 2016 e agora está sendo feita uma consulta pública, organizada pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima. E se você quer participar, basta procurar por Plano Clima na Plataforma Brasil Participativo e enviar a sua contribuição.
No último episódio, você fica sabendo de alguns encaminhamentos que já foram dados pela COP30, mesmo antes da declaração final.
*Com sonoplastia de Jailton Sodré.
