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Tudo sobre China
Conforme noticiado pelo Olhar Digital, os astronautas chineses Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie, membros da missão Shenzhou-20, enfrentaram problemas ao tentar voltar para a Terra no início deste mês. A cápsula que faria o transporte sofreu alguns impactos antes do desacoplamento da estação Tiangong, possivelmente causados por fragmentos de lixo espacial. O incidente obrigou o adiamento do retorno, mantendo os taikonautas “presos” no espaço por uma semana além do previsto.
Depois de analisar todo o cenário, a equipe da Agência Espacial Tripulada da China (CMSA) optou por usar a cápsula Shenzhou-21 – que foi enviada à estação duas semanas antes, levando outra tripulação – para fazer o “resgate” do trio. Saiba mais aqui.
Mas, agora, como ficam os astronautas da Shenzhou-21? Embora ainda estejam muito longe do fim da missão (previsto para março de 2026), Zhang Lu, Wu Fei e Zhang Hongzhang estão à deriva na estação espacial chinesa, já que não há qualquer espaçonave acoplada caso haja necessidade de uma evacuação de emergência. Ou seja: eles permanecem vulneráveis a qualquer problema na estação Tiangong, sem uma maneira imediata de “escapar” se algo der errado.

Especialistas apontam falha na conduta da China
A situação da Shenzhou-21 expõe um ponto crítico na segurança das missões espaciais chinesas. Especialistas alertam que a ausência de uma cápsula pronta para retorno coloca os astronautas em risco desnecessário, criando uma vulnerabilidade que não deveria ocorrer em operações desse tipo.
A missão Shenzhou-21 chegou à Tiangong em 31 de outubro, lançada pelo foguete Long March 2F. para substituir os membros da Shenzhou-20, que deveriam retornar à Terra em 5 de novembro. A expectativa era uma transição tranquila entre as tripulações, mantendo sempre um veículo de retorno disponível, como de praxe.
O problema começou quando um fragmento de lixo espacial atingiu a cápsula Shenzhou-20. Testes identificaram uma rachadura na janela de observação, o que levou ao cancelamento do retorno planejado. A equipe da Shenzhou-20 acabou voltando à Terra usando a cápsula da Shenzhou-21, em um procedimento improvisado que garantiu o pouso seguro na sexta-feira (14).

Apesar do sucesso do resgate, o feito deixou a tripulação Shenzhou-21 sem opção própria de retorno. Os astronautas agora dependem de uma nova cápsula, ainda não lançada, para poder voltar à Terra. Segundo o Space News, a Shenzhou-22, vazia, pode ser enviada à estação já em 25 de novembro, mas até lá os astronautas permanecem em risco caso outro incidente ocorra.
Victoria Samson, diretora-chefe de segurança e estabilidade espacial da Secure World Foundation, uma organização sem fins lucrativos sediada no Colorado, EUA, demonstrou apreensão em declaração à revista Scientific American. “Fico feliz que a Shenzhou-20 tenha voltado, mas é preocupante que a tripulação substituta não tenha um veículo disponível”.

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Cápsula danificada é cogitada para evacuação de emergência
Quando a nova cápsula chegar, a Shenzhou-20 danificada deve ser separada da estação e desorbitada sobre o Oceano Pacífico. Ainda não está claro por que a CMSA decidiu enviar a tripulação de volta antes de garantir um veículo seguro para todos.
De acordo com o site Live Science, existe, porém, a possibilidade de evacuação de emergência usando a cápsula danificada da Shenzhou-20. Suas seções destacáveis permitem que o módulo principal de retorno, se intacto, leve os astronautas à Terra, mesmo com danos em outras partes da nave.
Mas, se a cápsula Shenzhou-20 pode ser segura para uma evacuação de emergência, surge uma dúvida importante: por que ela não foi usada para trazer sua própria tripulação de volta à Terra? O mistério permanece devido à falta de informações detalhadas divulgadas pela China. A decisão de antecipar o retorno da Shenzhou-20, sem garantir um veículo seguro para a Shenzhou-21, evidencia lacunas nos protocolos e levanta questionamentos sobre como prioridades de segurança são definidas nas missões espaciais do país.
