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Segundo o relatório anual do Global Carbon Budget, as emissões de CO₂ por conta de combustíveis fósseis vão bater recorde em 2025, sendo 1,1% maior em relação ao ano de 2024. Além disso, as energias renováveis não vão obter êxito em suprir o crescimento da demanda energética.
Principais destaques do relatório
- Serão emitidos 38,1 bilhões de toneladas de CO₂ decorrentes do gás, petróleo e carvão, uma quantidade recorde já registrada.
- 8% do aumento na concentração de CO₂ na atmosfera desde 1960 acontece em decorrência do enfraquecimento de sumidouros de carbono terrestres e oceânicos por conta das mudanças climáticas.
- Em relação às emissões totais de CO2 – a soma das emissões originadas dos combustíveis fósseis e das alterações na utilização da terra – tiveram um crescimento mais lento na última década (0,3% ao ano), se for comparado à década passada (1,9% ao ano).
- A projeção é que a concentração de CO₂ na atmosfera chegue a 425,7 ppm em 2025, 52% a mais em relação aos níveis pré-industriais.
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Imagem: Bilanol/Shutterstock
Declarações da equipe de pesquisa sobre prospecção para o futuro
A equipe do estudo foi formada por profissionais do Centro CICERO para Pesquisa Climática Internacional, Universidade de Exeter, a Universidade de East Anglia (UEA), a Universidade Ludwig-Maximilian de Munique (LMU), o Instituto Alfred Wegener e mais de 90 instituições no mundo inteiro. As declarações a seguir foram destacadas no site do Global Carbon Budget.
O professor Pierre Friedlingstein, do Instituto de Sistemas Globais de Exeter, responsável por liderar o estudo, afirmou que com “orçamento de carbono restante para um aquecimento de 1,5°C, equivalente a 170 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, se esgotará antes de 2030, considerando a taxa de emissões atual. Estimamos que as mudanças climáticas estejam reduzindo a capacidade combinada de absorção de carbono pela terra e pelos oceanos – um sinal claro do planeta Terra de que precisamos reduzir drasticamente as emissões.”
Corinne Le Quéré, professora de Pesquisa da Royal Society na Escola de Ciências Ambientais da UEA disse que houve resultados positivos na redução das emissões, mas os esforços precisam ser aumentados.
“35 países conseguiram reduzir suas emissões e, ao mesmo tempo, expandir suas economias, o dobro em comparação com uma década atrás, além de progressos importantes na redução da dependência de combustíveis fósseis em outros lugares. No entanto, esse progresso ainda é muito frágil para se traduzir nas reduções sustentadas das emissões globais necessárias para combater as mudanças climáticas. Os impactos emergentes das mudanças climáticas nos sumidouros de carbono são preocupantes e reforçam ainda mais a necessidade de ações urgentes”, afirmou Le Quéré.

Imagem: Khanchit Khirisutchalual / iStock
Glen Peters, pesquisador sênior do Centro CICERO para Pesquisa Climática Internacional, segue uma linha semelhante de raciocínio: “Já se passaram 10 anos desde a negociação do Acordo de Paris e, apesar dos avanços em muitas frentes, as emissões de CO₂ provenientes de combustíveis fósseis continuam aumentando implacavelmente. As mudanças e a variabilidade climáticas também estão tendo um efeito perceptível em nossos sumidouros naturais de carbono. É evidente que os países precisam se empenhar mais. Agora temos fortes evidências de que as tecnologias limpas ajudam a reduzir as emissões, sendo ao mesmo tempo economicamente viáveis em comparação com as alternativas fósseis.”
Já a professora Julia Pongratz, do Departamento de Geografia da LMU, destacou a queda no desmatamento da Amazônia nos últimos anos. “A redução das emissões provenientes do uso da terra demonstra o sucesso que as políticas ambientais podem alcançar. As taxas de desmatamento na Amazônia diminuíram e estão em seu nível mais baixo nesta temporada desde 2014. No entanto, os incêndios devastadores de 2024 revelaram o quão sensível o ecossistema permanece se não limitarmos também o aquecimento global.”
