Polícia Federal: ex-ministro é acusado de propina e proteção a fraudes no INSS

José Carlos Oliveira, que comandou a pasta no governo Bolsonaro, é citado como peça-chave na operação; ele nega qualquer irregularidade

A Polícia Federal apontou que o ex-ministro da Previdência José Carlos Oliveira, que comandou a área durante o governo Jair Bolsonaro, teria exercido um papel decisivo no esquema de descontos irregulares aplicados em benefícios do INSS. Segundo as investigações, ele teria contribuído para o funcionamento e a proteção do grupo responsável pelas fraudes.

As informações aparecem na decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou, nesta quinta-feira (14/11), uma nova fase da Operação Sem Desconto. Foram cumpridos 10 mandados de prisão e 63 de busca e apreensão, e Oliveira foi obrigado a utilizar tornozeleira eletrônica.

O ex-minsitro da Previdência José Carlos Oliveira em depoimento à CPMI do INSS — Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado

De acordo com a PF, o ex-ministro era identificado pelo grupo criminoso como “Yasser” e “São Paulo”. Investigadores afirmam que ele teria enviado mensagens agradecendo repasses de dinheiro e aparece em planilhas internas de 2023 como destinatário de R$ 100 mil. Oliveira também teria alterado seu nome para Ahmed Mohmad Oliveira Andrade.

📌 Fraudes teriam ocorrido enquanto ele era ministro

A PF afirma que as práticas ilegais estavam em andamento durante o período em que Oliveira ocupou o comando do Ministério do Trabalho e Previdência, entre março e dezembro de 2022. Para a corporação, o fato de ele ter ocupado cargos de alto nível no sistema previdenciário permitiu que o esquema fosse mantido e ampliado.

Em depoimento à CPI do INSS, em setembro, Oliveira negou participação no esquema e afirmou que eventuais irregularidades deveriam ser atribuídas a entidades externas ou servidores isolados.

💰 Liberação irregular de R$ 15,3 milhões

Antes de assumir o Ministério, Oliveira atuava como diretor de benefícios do INSS. Nesse período, segundo a PF, ele autorizou o repasse de R$ 15,3 milhões à Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares) mesmo sem a documentação exigida para comprovar a filiação dos aposentados.

A decisão judicial aponta que essa liberação contrariou normas internas do instituto e permitiu que a entidade retomasse descontos indevidos em massa nos benefícios de aposentados e pensionistas.

As investigações seguem em andamento, e a PF considera haver “fortes indícios” da participação do ex-ministro na estrutura que sustentava o esquema de fraudes.


Fonte: Polícia Federal / STF / CPI do INSS / O GLobo
✍️ Redigido por ContilNet