Fazendas usadas por facções no Acre expõem conexão entre tráfico e desmatamento, aponta relatório da COP30

Os pesquisadores alertam que essas atividades agravam diretamente a crise climática

Um relatório apresentado durante a COP30, realizada em Belém (PA), revelou que facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), vêm transformando áreas rurais do Acre e de Rondônia em centros estratégicos para grilagem de terras, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro obtido com o garimpo ilegal.

Os pesquisadores alertam que essas atividades agravam diretamente a crise climática: Foto/Reprodução

O estudo, denominado “Relatório de Avaliação da Amazônia 2025: Conectividade da Amazônia para um Planeta Vivo”, aponta que as organizações criminosas utilizam fazendas e regiões isoladas para movimentar e ocultar cargas ilícitas. Esses locais funcionam como pontos de apoio para rotas fluviais e terrestres que seguem rumo ao interior do país e às fronteiras com o Peru e a Bolívia, fortalecendo a presença das facções na chamada tríplice fronteira amazônica.

Os pesquisadores alertam que essas atividades agravam diretamente a crise climática, pois o desmatamento, as queimadas e a poluição de rios com mercúrio já fazem parte do modelo de sustentação econômica das redes criminosas. Segundo o relatório, a atuação dessas facções está integrada a um sistema que combina crime ambiental e tráfico transnacional, com impactos severos na biodiversidade e na vida das comunidades locais.

Durante a conferência, o tema foi incluído pela primeira vez na Agenda de Ação da Convenção do Clima, que passou a reconhecer oficialmente o crime organizado como fator de destruição ambiental. O documento ainda reforça a necessidade de cooperação entre autoridades, maior transparência e integração internacional nas estratégias de combate às redes que lucram com a devastação da floresta.