Descoberto em julho deste ano, o cometa interestelar 3I/ATLAS – terceiro grande “turista” vindo de fora do Sistema Solar – é um objeto de altíssima prioridade científica. Vindo de uma estrela desconhecida, ele carrega em sua composição química pistas sobre a formação de mundos em cantos inexplorados da Via Láctea.
Nesta quarta-feira (29), o corpo celeste chega a 1,36 unidade astronômica (UA) do Sol, o que equivale a cerca de 204 milhões de km de distância. Chamado periélio, esse é o ponto mais próximo da estrela na órbita do cometa.

Em resumo:
- O cometa interestelar 3I/ATLAS atinge a menor proximidade com o Sol esta semana;
- Chamado periélio, esse ponto de passagem do cometa fica a 204 milhões de km da estrela;
- O objeto carrega pistas químicas sobre mundos desconhecidos na Via Láctea;
- O calor solar transforma gelo em gás, formando coma e cauda de cometas que se aproximam dele;
- Apesar de intenso, o calor não deve destruir totalmente o 3I/ATLAS devido à distância segura;
- Após o periélio, o cometa vai se afastando do Sol, permanecendo visível no céu mais ou menos até fim de março de 2026.
Uma plataforma que consolida dados orbitais e observacionais de 3I/ATLAS retirados do banco de dados do Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA, sobre asteroides e cometas (JPL Small-Body Database) divulgou que o periélio será atingido precisamente às 8h47 (pelo horário de Brasília).
No periélio, os cometas recebem o máximo de radiação e calor do Sol. Isso faz o gelo em seus núcleos se transformar rapidamente em gás, liberando poeira e formando a coma e a cauda brilhantes. Esse efeito faz o objeto ficar mais visível da Terra e destaca detalhes da sua composição.
Embora o calor seja intenso, 3I/ATLAS estará bem mais distante do Sol que Mercúrio, que orbita a estrela a 0,39 UA (ou 58,3 milhões de km). Assim, o risco de destruição total é quase nulo, mas o cometa ainda pode sofrer pequenas fissuras se houver áreas frágeis no núcleo.

Durante o periélio, espera-se que ele brilhe mais e apresente atividade intensa. De acordo com o site Live Science, apesar de existir a chance de fragmentação, ela é considerada mínima, e o núcleo deve permanecer essencialmente intacto.
Após o periélio, o cometa começará a se afastar do Sol. Segundo o guia de observação astronômica InTheSky.org, a partir de 3 de novembro, ele poderá ser visto novamente no céu matutino, pouco antes do amanhecer, a 9º acima do horizonte leste. Ele permanece visível até 17 de novembro, na Constelação de Virgem, cerca de três graus mais alto e em torno de 10 minutos mais cedo a cada madrugada.

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O próximo marco importante do visitante interestelar será a aproximação máxima com a Terra, prevista para 19 de dezembro, quando ele passará a cerca de 1,80 UA (aproximadamente 269 milhões de km) do planeta.
Em seguida, em março de 2026, o 3I/ATLAS se aproxima de Júpiter, a cerca de 0,36 UA (54 milhões de km), o que poderá alterar levemente sua órbita devido à gravidade do planeta gigante, segundo alguns estudos. Depois disso, a luminosidade do cometa continuará caindo, e ele desaparecerá gradualmente da vista da Terra.
