Um grupo de alunos da Escola Heloísa Mourão Marques, localizada em Rio Branco, enviou nesta sexta-feira (17) uma carta de denúncia ao ContilNet, pedindo a saída imediata do diretor Vitor Farias. No documento, os estudantes afirmam viver um “ambiente de medo, opressão e humilhação” dentro da unidade de ensino.

Ainda segundo os alunos, o grupo já havia buscado apoio anteriormente, mas não obteve retorno das autoridades: foto/Reprodução
“Estamos vivendo dentro da escola um ambiente de medo, opressão e humilhação, causado pelas atitudes do diretor Vitor Farias”, diz o texto assinado pelos estudantes.
De acordo com o relato, o gestor teria desrespeitado alunos, pais, professores e funcionários, adotando uma postura autoritária e desumana no comando da escola.
“Ele humilha estudantes em público, trata mal os profissionais da educação, desmerece as merendeiras e faxineiras, e impõe sua vontade como se fosse dono da escola”, afirmam os alunos na carta.
Os estudantes também relatam que o clima de tensão tem comprometido a saúde mental dos servidores e levado à saída de profissionais.
“Recentemente, um professor de matemática que já sofria de depressão pediu para sair da escola porque não aguentava mais ser pressionado, desrespeitado e humilhado pelo próprio diretor. E esse não foi o único”, relataram.
Ainda segundo os alunos, o grupo já havia buscado apoio anteriormente, mas não obteve retorno das autoridades.
“A cada tentativa, recebemos silêncio como resposta. Dessa vez, decidimos ir além. Queremos que toda a população saiba o que está acontecendo dentro da Heloísa Mourão Marques”, destacam.
Eles afirmam que pretendem organizar uma nova paralisação nos próximos dias e reforçam o pedido pela saída do diretor.
“Exigimos respeito. Exigimos mudança. Exigimos a saída imediata do diretor Vitor Farias da escola. […] A nossa escola precisa ser um lugar de paz, aprendizado e respeito, e não um lugar onde a gente entra com medo e sai machucado emocionalmente e psicologicamente.”
O que diz o diretor
Procurado pela reportagem, o diretor Vitor Farias negou todas as acusações.
“Posso dizer que essas situações, essas coisas são inverídicas. Eu acho que são citadas, inclusive, aí alguns grupos como, por exemplo, as merendeiras, as faxineiras. São pessoas que nos apoiam muito. Eu acho que se você as procurar, você vai ficar surpreso com o depoimento que elas têm, porque são pessoas que compõem o nosso quadro, então gozam de todo o nosso respeito, da nossa consideração”, afirmou.
Farias também comentou o caso do professor de matemática mencionado na denúncia.
“Hoje, de fato, a gente teve uma situação com um professor de matemática que pediu para sair. Como você disse, aparentemente, embora ele nunca tenha apresentado para a gente uma documentação comprobatória, mas pelas coisas que ele nos dizia, muito certamente ele tinha algum problema psicológico, então aí ele acabava atribuindo sempre aos outros as suas dores, as suas dificuldades. Então eu acho que deva ser por conta disso”, pontuou.
O gestor reforçou que considera as acusações falsas e infundadas.
“Mas reputo como falsas essas coisas. Isso é muito estranho. No ano passado a gente teve eleição, eu fui reeleito na escola com uma grande margem de aceitação. Eu concorri contra mim mesmo porque eu estava num processo de reeleição. Então eu acredito que tenha isso, eu compreendo, porque quando você mexe com sentimentos, quando as pessoas tratam com sentimentos, isso é uma coisa muito difícil. E as pessoas que sofrem de depressão, eu já tive, então sei exatamente como é. Não é fácil lidar. Então é como eu consigo responder a isso, claro, reafirmando a questão inverídica da coisa. É como eu posso me posicionar”, concluiu.
Posicionamento da Secretaria de Educação
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) informou que abrirá um processo administrativo para apurar as denúncias apresentadas pelos estudantes.
“A SEE reforça seu compromisso com a transparência e o respeito às comunidades escolares, reafirmando que situações de desrespeito não condizem com os princípios da educação pública estadual”, afirmou o secretário Aberson Carvalho.
O órgão também divulgou os canais oficiais para manifestações e denúncias:
Ouvidoria da SEE: atendimento presencial na sede, em Rio Branco, e na representação de Cruzeiro do Sul;
Telefone: (68) 3215-6009;
E-mail: [email protected] ou [email protected];
Plataformas digitais: www.falabr.cgu.gov.br e www.ac.gov.br/esic
“Reafirmamos que qualquer denúncia formalizada será analisada com responsabilidade, garantindo a escuta de todos os envolvidos e a adoção das medidas cabíveis dentro do devido processo administrativo”, completou o secretário.