Cuidado com o que você bebe: infectologista orienta sobre risco de metanol em bebidas falsificadas

De acordo com o Ministério da Saúde, já foram contabilizados 225 casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas

O Brasil enfrenta um momento de atenção máxima na área da saúde pública. Segundo o infectologista Thor Dantas, há registros de intoxicação por metanol em diversos estados do país, configurando o que ele classifica como “um surto nacional”. Em entrevista concedida ao ContilNet, o médico detalhou os riscos da adulteração de bebidas alcoólicas e compartilhou orientações essenciais para que a população evite se expor ao perigo.

O médico ressalta que as bebidas produzidas dentro das normas legais e sanitárias dificilmente apresentam contaminação: Foto/Reprodução

De acordo com o Ministério da Saúde, já foram contabilizados 225 casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. O estado de São Paulo concentra a maior parte das ocorrências, com 14 confirmações e 178 investigações em andamento. No Acre, até o momento, não há registros.

Para Thor Dantas, o país atravessa uma fase crítica.

“Acho que o cenário é que a gente está num momento realmente com um surto nacional de intoxicação por metanol e os casos têm sido identificados em vários estados do Brasil. Então não é restrito a um local só. Ainda não está claro a fonte da contaminação, se é um fabricante específico, se são vários fabricantes. Mas isso é claramente associado à fabricação clandestina de bebida alcoólica, principalmente bebida destilada, mas também eventualmente bebida fermentada. Mas o principal é a fonte: ou seja, são produtores clandestinos de bebidas”, afirma.

O médico ressalta que as bebidas produzidas dentro das normas legais e sanitárias dificilmente apresentam contaminação.

“Bebidas provenientes de uma fábrica que segue os padrões de qualidade e normas estabelecidos dificilmente vai poder ter alguma contaminação como essa. Eu diria que não ocorre em destilarias e em fábricas de bebidas que seguem as normas. Bebidas de fabricação conhecida, de marcas conhecidas que estão há muito tempo no mercado, não trazem risco nesse momento”.

O alerta maior, segundo ele, está voltado às bebidas consumidas em festas, bares e eventos informais, nas quais o consumidor nem sempre sabe o que está bebendo.

“Mas o grande problema é que muitas vezes as pessoas ingerem bebidas nas festas que não sabem o que está ali dentro. Então não sabe no drink feito na festa foi com uma vodka, com gin, com uma cachaça ou com whisky, é de procedência conhecida ou não”, destaca.

Diante do aumento dos casos, o especialista recomenda prudência total no consumo de bebidas alcoólicas em locais de origem duvidosa.

“Nesse momento é muito bom que as pessoas evitem o consumo de bebidas que elas não sabem o que têm dentro, principalmente os drinques. Então evitem consumir drinques em bares, em festas que você não sabe quem fez ou o que o produto colocou dentro”, orienta.

Dantas acrescenta que a moderação ou mesmo a abstinência são opções seguras, especialmente em tempos de incerteza quanto à procedência das bebidas.

“Ele ressalta ainda que se alguém quiser evitar o consumo de bebida é sempre saudável, mas aquelas pessoas que querem fazer uso eventual de bebida, evite completamente ingerir bebidas já feitas de drinques feitos com destilados que já vem pronto e você não sabe que bebida foi colocado dentro.”

Outro ponto de atenção, segundo o infectologista, diz respeito às bebidas falsificadas vendidas em garrafas aparentemente originais.

“Também é possível que as pessoas adquiram bebidas já engarrafadas e que sejam falsificadas. Então, fontes, às vezes, comprando em mercados, enfim, bebidas que possam ter aparência de ser de uma marca conhecida, mas que na verdade são falsificadas. Uma das dicas é suspeitar de bebidas muito baratas. Então, se tem uma bebida lá que você conhece, mas ela está sendo oferecida num preço muito abaixo, muito mais barato do que o normal, suspeite que essa bebida pode ser falsificada, que ela não seja verdadeira.”