Apple deixa Vision Pro de lado para focar em óculos como os da Meta

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Segundo informações do jornalista da Bloomberg, Mark Gurman, a Apple desistiu de reformular o Vision Pro, óculos de realidade mista da maçã, para brigar de igual para igual com a Meta no mercado de óculos inteligentes.

No mês passado, a Meta lançou novos óculos inteligentes em parceria com Ray-Ban e Oakley, além de inclusão de inteligência artificial (IA). Um dos destaques é o Ray-Ban Meta Display, que, além de ter realidade virtual (VR, na sigla em inglês), conta com pequeno display que pode ser utilizado por meio de movimentos gestuais captados por uma pulseira.

Já a Apple estava focada em uma variante mais leve e mais em conta do Vision Pro, sob o codinome N100, para lançá-lo em 2027. Contudo, segundo informações colhidas por Gurman com fontes internas da companhia, na última semana, os executivos da maçã mudaram de ideia e resolveram levar funcionários que estavam trabalhando nesse projeto para se dedicarem a outros que serão similares aos da Meta.

Pessoa usando o Apple Vision Pro
Vision Pro é considerado um fracasso de usuários (Imagem: Ringo Chiu/Shutterstock)

Como os óculos inteligentes estão ganhando cada vez mais espaço na indústria e podem ameaçar a hegemonia dos smartphones no futuro, a Apple também quer estar preparada para mergulhar nesse universo, assim como Mark Zuckerberg fez com a Meta quando ainda se chamava Facebook (e apostava no metaverso).

  • Segundo o jornalista, a empresa trabalha atualmente em, ao menos, dois tipos de óculos inteligentes:
  • O primeiro tem o codinome N50, será compatível com o iPhone e não será dotado de display próprio. Ele, segundo as fontes, deve ser revelado no ano que vem e será lançado em 2027;
  • A maçã também estaria trabalhando em uma versão com tela, podendo competir diretamente com o Ray-Ban Meta Display. A princípio, a companhia planejava lançá-lo em 2028, mas pensa em antecipar o processo;
  • A Bloomberg procurou um representante da Apple, que não quis comentar o assunto.

Bem atrás

Mesmo com nova prioridade, a Apple segue (bem) atrás da Meta, afinal, a empresa de Zuckerberg lançou seus primeiros óculos inteligentes em 2021 — o Ray-Ban Stories. A seguir, em 2023, lançou, de forma surpreendente, o Ray-Ban Meta.

Sem contar os lançamentos citados no início desta reportagem. Além do Ray-Ban Meta Display, a empresa apresentou o Oakley Meta Vanguard e a nova geração do Ray-Ban Meta — segundo a companhia, todos já estão prontos para uso, ou seja, nenhum deles é apenas um protótipo, como no caso da Apple.

Segundo Gurman, o dispositivo da maçã vai depender primariamente de IA e voz, áreas nas quais, historicamente, não é tão forte assim. Como exemplos: a IA da empresa, batizada de Apple Intelligence, demorou a surgir no mercado (quando comparado com outros players, como OpenAI, Google e Anthropic) e as atualizações da Siri, sua assistente pessoal, foram adiadas.

Agora, a companhia presidida por Tim Cook quer recuperar o tempo perdido. Isso é visível, já, no ano que vem, quando a Apple trará a Siri turbinada e que impulsionará a ampla gama de dispositivos da empresa sediada em Cupertino (EUA).

Outras empresas também estão brigando com esses dois players no setor. Tratam-se de Amazon, Google e OpenAI. As duas primeiras correm contra o tempo para apresentarem seus respectivos hardwares com IA. Já a dona do ChatGPT trouxe o ex-guru da maçã, Jony Ive, para trabalhar em novos dispositivos.

Mulher usando óculos Ray-Ban Meta
Maçã quer fazer frente aos novos modelos Meta Ray-Ban (Imagem: Divulgação/Meta)

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Expectativas

O mercado aguarda ansiosamente os novos óculos da Apple. Espera-se que eles venham em vários estios (assim como os da Meta) e com novo chip. Terão alto-falantes, câmeras e recursos para controle com a voz, coisas que a Meta trouxe para seus dispositivos. Contudo, a Apple também explora a possibilidade de incluir monitoramento de saúde.

Expectativa também é que o futuro da empresa no setor seja distante do Vision Pro, que custa entre US$ 3.499 e US$ 4.048 (R$ 18.648,62/R$ 21.574,63, na conversão direta), tem realidade mista, mas é pesado e muito caro.

Outro problema é a escassez de conteúdos de vídeo e apps. Os executivos da big tech reconheceram as deficiências dessa primeira empreitada da Apple na onda dos óculos inteligentes, considerando ainda que o dispositivo sofre de excesso de engenharia.

Desde seu lançamento, o Vision Pro estava fadado a ser substituído por uma versão mais enxuta, mas, então, a equipe do dispositivo mudou de ideia e quer uma reformulação maior, com design novo e estrutura mais leve. Só que, com o novo foco de parte dos engenheiros, esse redesenho ficará em segundo plano.

Outro projeto engavetado pela maçã e que tem a ver é de codinome N107, que seriam óculos com fio, servindo como monitor externo digital para Macs e outros hardwares.

apple siri
Apple demorou a lançar sua própria IA, chamada de Apple Intelligence; o mesmo vem acontecendo com os óculos inteligentes (Imagem: Kaspars Grinvalds/Shutterstock)

A Bloomberg noticiou, recentemente, que a empresa busca uma atualização básica no design do Vision Pro. Ele terá um chip mais rápido e é esperado para o fim de 2025. Inclusive, ele está registrado como testado pela Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC, na sigla em inglês).