“Dor e revolta”: viúva desabafa sobre impunidade cinco meses após tragédia na Terceira Ponte

Deise também destacou que a exaltação demonstrada por alguns parentes é reflexo da dor coletiva que ainda sufoca todos eles

Cinco meses após o trágico acidente na Terceira Ponte, em Rio Branco, o luto e o sentimento de injustiça continuam pesando sobre as famílias que perderam seus entes queridos. Durante uma coletiva, Deise Farias, viúva de Fábio Farias — uma das vítimas fatais —, abriu o coração em um desabafo carregado de dor e indignação.

Durante uma coletiva, Deise Farias, viúva de Fábio Farias, abriu o coração em um desabafo carregado de dor e indignação: /Foto: ContilNet

“A gente sabe que ele não vai preso. Ele deixou a minha filha de 4 anos, matou umas duas pessoas e simplesmente vai continuar na rua igual está, vivendo tranquilamente, zombando da nossa cara. Quem sente essa dor somos nós. Esperamos cinco meses praticamente para nada. Só me desculpa a palavra, mas é porque sabemos que ele não vai ser preso. Vai responder alguma coisa e ficar por isso mesmo. E quem perde, infelizmente, somos nós. A minha filha todo dia pergunta pelo pai dela e a gente viver com essa dor e ainda vai viver com a dor da impunidade, porque sabemos que não vai dar em nada.”

Deise também destacou que a exaltação demonstrada por alguns parentes é reflexo da dor coletiva que ainda sufoca todos eles:

“Só me desculpa a exaltação de alguns familiares, é porque a gente é uma mesma família. Às vezes, com isso, a gente desacredita um pouco na justiça, porque foram três vidas que se foram.”

O acidente, provocado pela colisão entre uma caminhonete e três motocicletas, terminou com três mortos e outros sobreviventes gravemente feridos. Embora o motorista tenha sido indiciado por homicídio doloso — quando há intenção de assumir o risco, mas não de matar —, familiares afirmam que a justiça ainda não trouxe respostas efetivas, ampliando a sensação de impunidade e mantendo viva a ferida causada pela perda irreparável.