Um artigo publicado este mês na revista Research Notes of the American Astronomical Society (AAS) descreve a descoberta de uma possível “quase-lua” da Terra. Liderado pelos irmãos Carlos de la Fuente Marcos e Raúl de la Fuente Marcos, da Universidad Complutense de Madrid, na Espanha, o estudo, que ainda está em versão preliminar e não foi revisado por pares, sugere que o asteroide intruso pode ter acompanhado nosso planeta por décadas sem ser detectado.
Foram também os irmãos de la Fuente Marcos que descobriram o pequeno asteroide 2024 PT5, uma ‘mini-lua’ temporária que orbitou a Terra por 53 dias no ano passado, fez uma breve reaproximação em janeiro deste ano e tem retornos previstos para 2055 e 2085.
Em resumo:
- Uma possível quase-lua foi descoberta acompanhando a Terra;
- Quase-luas são objetos que orbitam o Sol, mas agem como satélites do nosso planeta por algum tempo;
- O asteroide observado, 2025 PN7, é pequeno, instável e difícil de detectar;
- Observatórios avançados podem revelar outros objetos do tipo, aumentando o catálogo de quase-luas da Terra.

Asteroide pode ser a menor quase-lua da Terra
De acordo com a Sociedade Planetária, quase-luas são asteroides que, vistos da Terra, parecem orbitar o planeta como a Lua. Na prática, no entanto, eles orbitam o Sol e apenas acompanham temporariamente a Terra em seu movimento. É como se fossem “satélites provisórios” que se aproximam e se afastam de nós de maneira cíclica.
Se confirmado como uma quase-lua, o objeto recém-descoberto, denominado 2025 PN7, se juntará a outros seis satélites temporários conhecidos da Terra. Cada um tem um comportamento próprio em relação ao planeta, e o possível novo “membro da família” seria o menor e mais instável deles.
Segundo o site EarthSky, a quase-lua Kamo’oalewa, por exemplo, descoberta em 2016, é provavelmente um pedaço da Lua expelido em um impacto. Já no caso de 2025 PN7, a velocidade do objeto indica que ele é provavelmente um asteroide capturado do cinturão principal, situado entre Marte e Júpiter.

O corpo celeste tem apenas 19 metros de largura, sendo ligeiramente menor que o asteroide que explodiu sobre Chelyabinsk, na Rússia, em 2013. Com magnitude 26, seu brilho é muito fraco, visível apenas por telescópios potentes. “Ele é pequeno, tênue e suas janelas de visibilidade da Terra são bastante desfavoráveis, então não é surpreendente que tenha passado despercebido por tanto tempo”, disse Carlos ao site Live Science.
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Objeto deve acompanhar o planeta por 60 anos
Observações recentes do objeto foram feitas pelo telescópio Pan-STARRS1, no Havaí, entre 30 de julho e 29 de agosto. A União Astronômica Internacional (IAU) divulgou uma circular que confirma que ele é pequeno e difícil de detectar.
A primeira sugestão de que 2025 PN7 seria uma quase-lua veio do astrônomo amador francês Adrien Coffinet, em 30 de agosto. Ele compartilhou cálculos mostrando que o asteroide se comporta como um satélite temporário da Terra há 60 anos e deve ficar mais 60 por aqui.
Outras quase-luas podem estar escondidas nos arredores. Segundo Carlos, o recém-inaugurado Observatório Vera C. Rubin, no Chile, tem capacidade para localizar objetos como o asteroide 2025 PN7 e pode revelar muitos outros satélites temporários próximos da Terra.