3 ou 8 lentes? Entenda a matemática das câmeras dos novos iPhones

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A Apple voltou a chamar atenção com suas declarações de marketing sobre os novos iPhones. Durante a apresentação da linha, a empresa afirmou que o iPhone 17 Pro, equipado com três câmeras traseiras, equivale a “oito lentes profissionais no bolso”. Já o iPhone Air, modelo ultrafino com apenas uma câmera traseira, teria o equivalente a quatro lentes.

Mas afinal, o que isso significa na prática? A explicação envolve tanto características de hardware quanto recursos de fotografia computacional, resultando em uma conta que pode soar confusa para o usuário comum.

A câmera do iPhone Air e suas “quatro lentes”

O iPhone Air traz apenas um sensor traseiro de 48 megapixels com lente equivalente a 26 mm e abertura f/1.6. Apesar da simplicidade no conjunto físico, a Apple apresentou o sensor como capaz de reproduzir quatro distâncias focais: 26 mm, 28 mm, 35 mm e 52 mm.

Essa multiplicação acontece graças ao uso inteligente do sensor. Na prática, o modelo combina imagens em diferentes resoluções: a 28 mm, por exemplo, o resultado é uma foto de 24 MP construída a partir de quadros de 12 MP junto a um frame de 48 MP. Já em 35 mm, a captura utiliza apenas os pixels centrais do sensor. No caso do zoom de 52 mm, o sistema realiza um corte digital, reduzindo a imagem para 12 MP de resolução.

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Câmera do iPhone Air tem apenas um sensor, mas a Apple vende as distâncias focais diferentes como lentes diferentes (Imagem: Reprodução/Apple)

O iPhone 17 Pro e o salto para “oito lentes”

No modelo mais avançado, o iPhone 17 Pro, a Apple aplica a mesma lógica de multiplicar distâncias focais no sensor principal. Ele também permite capturas em 24 mm, 28 mm, 35 mm e 52 mm, mas conta ainda com outras duas câmeras: uma ultrawide de 48 MP e uma teleobjetiva com zoom de 4x.

Com isso, a Apple soma mais quatro “lentes” equivalentes:

  • A teleobjetiva cobre 100 mm (f/2.8) e também oferece uma captura em 200 mm, resultando em fotos de 12 MP.
  • A ultrawide de 13 mm (f/2.2) também é utilizada no modo macro, classificada pela empresa como mais uma lente independente.

Assim, o total chega a oito “lentes profissionais”, embora apenas três estejam fisicamente presentes no aparelho.

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iPhone 17 Pro tem três lentes físicas, mas Apple destaca que o aparelho chega a oito “lentes profissionais” (Imagem: Divulgação/Apple)

Marketing, zoom e confusão

Durante a keynote, a Apple destacou que todas essas opções seriam de “qualidade óptica”, mas a definição não corresponde ao conceito clássico de zoom óptico. Em câmeras tradicionais, esse recurso envolve um sistema de lentes móveis que altera fisicamente a distância focal. Nos iPhones, a maior parte dessas variações é resultado de recorte digital aliado a processamento de imagem.

Essa diferença gera críticas sobre a forma como a empresa comunica suas especificações. O uso de termos como “níveis de zoom óptico” pode levar o consumidor a acreditar que há mais componentes ópticos do que realmente existem.

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O uso de termos como “níveis de zoom óptico” pode confundir os consumidores (Imagem: Apple/Reprodução)

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Estratégia de comunicação

A prática não é inédita: a Apple frequentemente apresenta métricas que soam mais impactantes do que claras. No caso da contagem de lentes, trata-se de um recurso de marketing que combina números reais com resultados obtidos via software, o que pode causar estranhamento entre fotógrafos e especialistas.

A matemática de lentes da Apple parece feita sob medida para valorizar o recurso na ficha técnica, ainda que, no uso prático, a experiência dependa tanto da ótica quanto dos algoritmos.