Colônia e Sindicato de Pescadores do Juruá negam irregularidades em investigação

Segundo dados oficiais, o estado recebeu R$ 48 milhões em 2024 destinados ao benefício

Nesta sexta-feira (22), a colônia e o sindicato de pescadores de Cruzeiro do Sul se manifestaram diante da investigação conduzida pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), sobre possíveis irregularidades no pagamento do Seguro Defeso no Acre.

Segundo dados oficiais, o estado recebeu R$ 48 milhões em 2024 destinados ao benefício. Foto: Reprodução

Segundo dados oficiais, o estado recebeu R$ 48 milhões em 2024 destinados ao benefício, que garante renda a pescadores artesanais durante o período de proibição da pesca para reprodução das espécies. O Acre possui atualmente 17,63 pescadores registrados a cada mil habitantes, um dos maiores índices do país.

O foco da investigação são os municípios de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima, que, juntos, concentram 13,4 mil pescadores cadastrados e quase 70 mil pagamentos do benefício nos últimos cinco anos. O número é considerado elevado diante da baixa oferta de pescado na região, levantando suspeitas sobre cadastros de pessoas que não exercem a atividade pesqueira, mas estariam recebendo o auxílio de forma irregular.

Em nota, o advogado da colônia de pescadores, Itamar Silva, ressaltou que a entidade colabora com as investigações e nega qualquer envolvimento em fraudes. “Todas as informações estão sendo repassadas às autoridades policiais. Queremos esclarecer e punir culpados, porque quem mais sofre é o pescador de verdade”, afirmou.

Presidente do Sindicato dos pescadores de Cruzeiro do Sul, Luiz Costa. Foto: Reprodução

O presidente do Sindicato dos Pescadores de Cruzeiro do Sul, Luiz Costa, também saiu em defesa da categoria. Ele destacou que a instituição possui atualmente 1.581 sócios e que nem o sindicato nem a colônia têm emitido novas carteiras desde a abertura do sistema, em 2021. Segundo ele, a emissão é de responsabilidade exclusiva do Ministério da Pesca.

“Os órgãos competentes devem investigar, sim, para ver quem realmente está fazendo esse derramamento de carteiras. Não é justo que pescadores paguem por falsas pessoas que querem apenas receber o benefício”, reforçou Costa.

As lideranças do setor também manifestaram preocupação com tentativas de “manchar a reputação” das entidades representativas, em meio a divisões políticas internas da categoria. Elas ressaltam que eventuais irregularidades devem ser apuradas pela Justiça e que não se pode generalizar acusações contra todos os pescadores do Juruá.

Advogado da colônia de pescadores, Itamar Silva. Foto: Reprodução

A investigação segue em andamento, com a participação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, e deve ter novos desdobramentos nos próximos meses.