A língua do pica-pau funciona como um cinto de segurança, dando a volta no crânio para proteger o cérebro das batidas. Veja como a anatomia o ajuda
Siga o Olhar Digital no Google Discover
Já se perguntou como o pica-pau não fica com dor de cabeça de tanto bater no tronco das árvores? A natureza criou um capacete interno feito pela própria língua da ave, garantindo que o cérebro fique intacto enquanto ele trabalha no sustento.
O incrível mecanismo de proteção craniana
Em um artigo publicado na revista Current Biology, em 2022, Sam Van Wassenbergh e colaboradores fazem uma medição com filmagens em alta velocidade e modelagem biomecânica para entender o que realmente protege o cérebro do pica-pau.
-
🐦 Ponto de origem
A língua não fica restrita à boca; sua base se estende por trás do bico e sobe pela estrutura facial.
-
🔄 Cinturão elástico
Ela contorna o topo do crânio por baixo da pele, agindo como uma mola que estabiliza o cérebro.
-
🛡️ Amortecimento final
A tensão da língua distribui a força do impacto, evitando danos neurológicos após milhares de batidas diárias.
Como o corpo absorve o impacto das marteladas
Para sobreviver ao esforço repetitivo de perfurar troncos rígidos, o pica-pau conta com uma combinação de crânio esponjoso e um bico que possui certa flexibilidade. Essa engenharia biológica permite que a ave atinja a madeira até 20 vezes por segundo sem sofrer concussões.
A língua desempenha o papel mais curioso nesse processo, pois ela se estica e se retrai de forma coordenada com os golpes. Esse dinamismo garante que o órgão não seja apenas uma ferramenta de caça para capturar larvas, mas sim uma peça fundamental da armadura craniana da ave.

Anatomia comparada da língua do pica-pau
Diferente de outros pássaros que possuem línguas curtas e simples, a anatomia do pica-pau é altamente especializada. Veja as principais diferenças que tornam essa ave uma verdadeira máquina de engenharia natural na hora de buscar alimento.
| Características | Função Principal | Diferencial |
|---|---|---|
| Extensão extrabucal | Envolver o crânio | Funciona como amortecedor de choque |
| Ponta farpada | Captura de presas | Alcança larvas dentro de galerias fundas |
| Osso hioide longo | Suporte estrutural | Dá a volta por trás dos olhos e orelhas |

A importância evolutiva dessa adaptação
Essa estrutura única permitiu que os pica-paus ocupassem um nicho ecológico onde poucas aves conseguem competir. Sem esse sistema de proteção, o esforço físico necessário para encontrar insetos dentro das árvores seria mortal. A evolução refinou cada milímetro da língua para suportar pressões altíssimas.
Leia mais:
- Pica–pau é flagrado vandalizando carros em bairro dos EUA
- 8 desenhos que são mais populares no Brasil do que no exterior
- Cientistas criam lista com espécies de pássaros “perdidas”
Além da proteção, a língua comprida é uma arma letal para o sustento da ave. Revestida com uma saliva pegajosa e muitas vezes equipada com ganchos microscópicos, ela vasculha túneis estreitos criados por insetos, garantindo que o pica-pau consiga energia suficiente para manter seu ritmo intenso de trabalho na floresta.
Joaquim Luppi é colaborador do Olhar Digital. Técnico em Informática pelo IFRO, atua em instalação e manutenção de computadores, redes, sistemas operacionais, programação e desenvolvimento full-stack.
