Vale do Silício acelera corrida por minerais críticos para reduzir dependência da China

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O Vale do Silício está no centro de uma nova disputa estratégica: a produção de minerais críticos capazes de reduzir a dependência dos Estados Unidos em relação à China. Startups, investidores e centros de pesquisa aceleram iniciativas que buscam alternativas para suprir a indústria de tecnologia, defesa e infraestrutura, em um cenário marcado por restrições de exportação impostas por Pequim e pela crescente demanda global.

Uma das iniciativas mais avançadas é a da Brimstone, startup sediada em Oakland, que desenvolve métodos para extrair minerais críticos — como alumínio, magnésio e titânio — a partir de rochas comuns como o gabro. O processo, segundo a empresa, promete custos até 40% menores e energia até 50% mais barata quando comparado às rotas industriais tradicionais. A proposta busca oferecer ao país uma nova rota de produção em um mercado que a China domina há décadas.

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Vale do Silício deve acelerar a produção de minerais críticos (Imagem: Michael Vi/iStock)

Vale do Silício mira alternativas ao domínio chinês

A movimentação não se limita à Califórnia. A busca por minerais críticos é parte de um esforço nacional que envolve startups espalhadas dos EUA ao Reino Unido, impulsionadas por investimentos privados recordes e avanços em inteligência artificial. Nos últimos anos, a China intensificou restrições sobre exportações desses materiais, afetando diretamente setores como automotivo, aeroespacial e até fabricantes de satélites.

Enquanto isso, pesquisadores e empreendedores aplicam IA para otimizar etapas da cadeia de mineração. Fórmulas matemáticas usadas no desenvolvimento de carros autônomos agora ajudam a prever resultados de perfuração e a reduzir o desperdício. Em paralelo, empresas britânicas trabalham na criação de ligas metálicas sintéticas que podem substituir minerais escassos com custo até 70% inferior ao do mercado.

Como essa nova corrida pelos minerais críticos se organiza

O movimento que se espalha pelo Vale do Silício e por outros polos tecnológicos dos EUA é impulsionado por três pilares principais:

  • startups que buscam novas rotas químicas e energéticas para produzir minerais críticos;
  • uso de IA para melhorar a eficiência da exploração e reduzir riscos ambientais;
  • investimentos públicos e privados que financiam desde mineração tradicional até pesquisa em materiais sintéticos.
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Pesquisadores e empreendedores aplicam IA para otimizar etapas da cadeia de mineração (Imagem: BLKstudio/Shutterstock)

Esse ecossistema também é favorecido pela postura recente do governo dos EUA, que passou a investir diretamente em empresas do setor e firmar acordos internacionais para garantir suprimentos estratégicos. A iniciativa envolve desde mineradoras a recicladoras de metais e laboratórios especializados em materiais raros.

Inovação e desafios no caminho

Apesar do impulso, especialistas alertam que a produção americana ainda enfrenta barreiras. Muitos dos processos estão limitados a laboratórios, sem plantas industriais em funcionamento. Há também dúvidas sobre a viabilidade econômica de rotas baseadas em rochas como gabro, historicamente consideradas pouco competitivas.

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Vale do Silício quer oferecer ao país uma nova rota de produção em um mercado que a China domina há décadas (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Outro desafio é a escassez de mão de obra especializada. Pesquisadores apontam que a indústria perdeu gerações de profissionais capacitados em mineralogia e metalurgia, o que pode limitar a expansão rápida de projetos.

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Mesmo assim, o Vale do Silício segue na vanguarda da tentativa de reconstruir o setor. Para empresas como a Brimstone, a aposta não é apenas industrial, mas também geopolítica: reduzir vulnerabilidades, garantir autonomia de produção e tornar mais acessíveis materiais fundamentais para economias modernas.

Ao que tudo indica, a combinação de tecnologia, IA e investimentos robustos pode redefinir o papel dos EUA na cadeia global de minerais críticos — com o Vale do Silício liderando essa nova corrida estratégica.

Com informações do Wall Street Journal.