O resgate da idosa Clarice Amâncio de Souza, de 77 anos, encontrada com vida após quase dois dias desaparecida em Rio Branco, ganhou novos detalhes a partir de um depoimento publicado nas redes sociais da página Bombeiros Acre. O relato é do sargento Fernando Barreto, que participou diretamente das buscas e foi quem localizou a vítima na área de mata.
No vídeo, o militar conta que estava de serviço no dia (25), quando o desaparecimento da idosa já havia sido amplamente divulgado. Segundo ele, equipes realizaram buscas ao longo do dia, mas sem sucesso. “Terminou meu plantão de 12 horas, fui para casa. Cheguei em casa, algo me tocou, liguei para o filho da Clarice.”, relatou. Durante a conversa, o sargento tomou conhecimento de imagens que indicavam que a idosa teria entrado em uma área de mata próxima a um hotel abandonado.

Depoimento publicado nas redes sociais narra decisão pessoal que levou à localização da vítima/Foto: Redes Sociais
Diante da nova informação, Barreto decidiu retornar às buscas por conta própria. “Eu pensei duas vezes, me equipei, peguei meu carro e desloquei até o local”, disse. Pelo menos cinco amigos se juntaram à ação voluntária. Antes mesmo da chegada de outras equipes do Corpo de Bombeiros, o grupo iniciou a descida em direção à mata.
Durante a varredura, o sargento relatou que identificaram pegadas humanas pequenas. Em determinado momento, o grupo se dividiu. “O grupo todo foi para um lado e eu resolvi ir sozinho para o outro”, contou. Foi nesse instante que ele teve o primeiro contato visual com a idosa. “Quando eu passei a lanterna, eu vi a perna dela se mexendo. Aquilo me deu uma alegria e eu gritei: achei ela, encontrei ela”.
Segundo o relato, Clarice estava debilitada e já apresentava sinais preocupantes de saúde. “Ela passou quase dois dias nessa região. Se deixasse pra procurar ela no outro dia ela não resistiria”, afirmou. O sargento explicou que a idosa estava com grau elevado de hipotermia e em uma área próxima a um córrego, o que aumentava o risco de morte. “Dependendo do nível da água, ela poderia até morrer afogada”.
Resgate ocorreu após análise de imagens e entrada voluntária em área de mata/Foto: ContilNet
No depoimento, Barreto atribui a persistência nas buscas à fé e ao sentimento de não desistir, mesmo fora do horário de serviço. “Algo me induziu, foi Deus que me usou pra continuar esse resgate até o fim, entendeu? Não desistir”, afirmou. Ele também revelou que parte da família já temia um desfecho trágico, mas que ele acreditava na possibilidade de encontrá-la com vida.
O sargento destacou ainda o apoio dos demais envolvidos no resgate, inclusive de um bombeiro que ajudou a carregar a idosa nas costas até o local onde a viatura conseguiu acessar. Para ele, o salvamento teve um significado especial por ter ocorrido no período natalino. Encerrando o depoimento, Fernando Barreto afirmou que a experiência foi marcante tanto profissional quanto emocionalmente. “Eu só pensava no meu caso. Se fosse a minha mãe, eu não ficaria um segundo sem estar procurando ela. Acreditei até o último minuto e graças a Deus foi um sucesso a operação.”, concluiu.