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“Retirá-la seria uma sentença”: professora da Ufac narra drama da mãe durante enchente

A professora da Universidade Federal do Acre (Ufac) Almecina Balbino usou as redes sociais para relatar, em tom pessoal, os impactos da enchente que atingiu Rio Branco, com foco na história da própria mãe, de 87 anos, que sempre viveu às margens do Rio Acre. No texto, a docente descreve a mobilização da família durante a cheia.

A professora falou sobre a sensação de pertencimento e a complexidade existente relacionada as enchentes/Foto: Reprodução

“Minha mãe, hoje com 87 anos, nasceu e viveu toda a sua vida às margens do rio. Retirá-la desse ambiente seria como lhe impor uma sentença”, escreveu Almecina. A professora reforça que a permanência no local vai além do local de moradia, mas que o espaço também é parte da identidade e memória da mãe, sendo um local a qual sua genitora tem forte sentimento de pertencimento.

Ao falar sobre o espaço onde a mãe vive, a professora ressalta o significado simbólico e afetivo da área. “Ali é o lugar mais lindo da cidade: em frente ao mastro da bandeira Altaneira, onde acontecem os eventos mais importantes e onde a vida pulsa”, afirmou. Durante o período de cheia, a rotina da família se repete, marcada por cuidados com o que foi construído ao longo dos anos. “Todos os anos, seguimos na mesma saga: salvar suas plantinhas, que também carregam memória, afeto e resistência”, relatou.

Almecina ainda comenta a realidade de quem vive às margens do rio Acre durante as cheias. “A vida do ribeirinho nunca foi fácil, e tem se tornado ainda mais desafiadora diante das mudanças climáticas”, escreveu. Para ela, as cidades amazônicas surgiram à beira dos rios por razões culturais, históricas e econômicas, o que mantém, até hoje, uma relação direta entre população e ciclo das águas.

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