Em entrevista recente ao podcast Fala Glauber, o senador Sergio Moro (União Brasil) detalhou o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para assassiná-lo ou sequestrá-lo, além de revelar uma tentativa da facção criminosa de promover a fuga de Marcola, principal liderança do grupo, por meio de uma ação considerada “cinematográfica”.
Durante a conversa, Moro abordou os desafios enfrentados no combate ao crime organizado, relatando ameaças diretas contra sua vida e a de familiares, planos de resgate de criminosos de alta periculosidade e iniciativas legislativas que, segundo ele, são essenciais para fortalecer a segurança pública no país.
Plano do PCC contra Sergio Moro
De acordo com o senador, logo após as eleições de 2022, ele foi informado pelo Ministério Público sobre a existência de um plano do PCC que previa retaliação direta, incluindo a possibilidade de assassinato ou sequestro. A Polícia Federal, então, montou uma força-tarefa que conseguiu desarticular a célula criminosa responsável pela execução da ameaça.
Tentativa de resgate de Marcola
Moro também relembrou os planos elaborados pelo PCC para resgatar Marcola, que já existiam em São Paulo e foram intensificados após a transferência do criminoso para um presídio federal em Brasília, no início de 2020. A capital federal foi escolhida por ser considerada mais segura do que Porto Velho, em razão de sua localização geográfica.
Segundo informações de inteligência, a facção planejava uma operação de grande porte, com o uso de veículos blindados e armamento pesado, incluindo metralhadoras calibre .50.
Para conter a ameaça, uma série de medidas foi adotada. Entre elas, a prisão de Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, apontado como o segundo homem mais importante do PCC, capturado em Moçambique em abril de 2020 e posteriormente extraditado para o Brasil. Ele era considerado o principal articulador do plano de resgate.
Além disso, Moro afirmou que convenceu o então presidente Jair Bolsonaro a decretar uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no entorno do presídio federal de Brasília. Um carro de combate do Exército foi posicionado em frente à unidade, e trincheiras foram abertas para impedir a aproximação de comboios blindados. As torres de vigilância do presídio também foram blindadas para resistir a ataques com armas de alto calibre.
(Foto: Marcos Corrêa/PR)
Ao comentar o episódio, o senador destacou que o Estado não pode recuar diante do crime organizado, citando como exemplo os ataques do PCC em 2006, quando a facção conseguiu impedir a transferência de seus líderes para presídios federais. Para Moro, qualquer sinal de recuo fortalece a imagem de “invencibilidade” das organizações criminosas.
Combate ao crime organizado
Ao final da entrevista, Sergio Moro ressaltou que o enfrentamento ao crime organizado exige aplicação rigorosa da lei, investimentos em tecnologia e proteção permanente aos agentes públicos, para evitar que a ousadia das facções criminosas continue avançando e se infiltrando em diferentes setores da sociedade.
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