Registros inéditos confirmam nova espécie de ave jamais registrada na Serra do Divisor

A confirmação da espécie é o resultado de anos de observações e registros acumulados

Pesquisadores brasileiros anunciaram a identificação de uma espécie inédita de inhambu encontrada exclusivamente na área mais remota da Serra do Divisor, no Acre. O novo pássaro, observado em altitudes entre 300 e 500 metros, recebeu o nome popular de sururina da serra, conhecido internacionalmente como Slaty masked Tinamou, e passa agora a integrar a lista de espécies endêmicas da região.

O novo pássaro, observado em altitudes entre 300 e 500 metros, recebeu o nome popular de sururina da serra: Foto/Luis Morais

A confirmação da espécie é o resultado de anos de observações e registros acumulados. A primeira pista surgiu em 2021, quando os ornitólogos Fernando Igor de Godoy e Ricardo Plácido gravaram um canto que não correspondia a nenhuma ave conhecida. Naquele momento, perceberam que poderia se tratar de um tinamídeo ainda não descrito pela ciência.

O pesquisador Luís Morais, que mais tarde fotografou o animal e coordenou o estudo recentemente publicado, afirma que aquela gravação inicial foi o ponto de partida mais importante. Segundo ele, o padrão do canto era totalmente diferente do vocal das espécies já catalogadas.

A descoberta ocorreu de forma inesperada. Godoy estava na Serra do Divisor trabalhando nas ilustrações de um guia da região e, antes do anoitecer, decidiu fazer uma pequena observação de campo. Poucos minutos depois, ouviu um canto que não reconheceu. Como já tinha ampla experiência de pesquisa no Acre, percebeu imediatamente que havia algo fora do comum. Ele gravou o som e tentou se aproximar, mas o animal desapareceu com a chegada da noite.

Ilustração da nova espécie de inhambu feita por Fernando Igor de Godoy — Foto: Fernando Igor de Godoy

Convencido de que havia registrado algo significativo, Godoy enviou o áudio para diversos especialistas na tentativa de confirmar a suspeita. A comprovação definitiva, porém, só ocorreu entre novembro de 2024 e julho de 2025, quando expedições de campo conseguiram observar a ave a poucos metros de distância, registrar imagens nítidas e reunir documentação suficiente para confirmar que se tratava de uma espécie nova.

Morais descreve o primeiro encontro visual com o inhambu como um momento marcante. A aparência singular e o comportamento observado reforçaram a certeza de que estavam diante de uma espécie inédita, algo cada vez mais incomum na ornitologia atual.

Com informações do G1 Acre.