Olhar Digital > Pro > Quanto vale um chip depois de três anos? Wall Street tenta responder

A depreciação dos equipamentos que alimentam a IA se tornou um dos debates mais acirrados entre investidores e empresas de tecnologia

Imagem: BLKstudio/Shutterstock

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O avanço acelerado da inteligência artificial abriu um debate inesperado em Wall Street: como contabilizar os chips da Nvidia e outros equipamentos que sustentam essa corrida tecnológica, como explicado em uma matéria do Wall Street Journal.

À medida que empresas como Meta, Microsoft e Amazon investem centenas de bilhões de dólares em infraestrutura, decisões aparentemente técnicas — como o número de anos para depreciar um servidor — tornaram-se motivo de acalorado questionamento.

O investidor Michael Burry, famoso por antecipar a crise de 2008, reacendeu a polêmica ao afirmar que estender a vida útil de ativos “diminui artificialmente despesas e infla lucros”. Críticos veem risco de manipulação, mas analistas lembram que, no contexto da IA, é preciso avaliar o tema com mais nuance.

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Escalada de investimentos em chips de alto desempenho pressiona empresas e reguladores a repensar como esses ativos devem ser depreciados (Imagem: Antonio Bordunovi/iStock)

Mudanças nas estimativas e impacto bilionário

  • Nos últimos anos, várias big techs ampliaram o período de depreciação de servidores e equipamentos de rede.
  • A Meta aumentou a vida útil média para 5,5 anos, reduzindo em US$ 2,3 bilhões suas despesas de depreciação nos primeiros nove meses de 2025.
  • Alphabet e Microsoft passaram de três para seis anos, enquanto a Amazon ajustou o prazo para cinco anos, após oscilar entre quatro e seis.
  • A prática tem impacto direto nos balanços, já que a depreciação dilui ao longo do tempo o custo de equipamentos que perdem valor rapidamente — especialmente chips de alto desempenho, cujo preço de revenda cai mais acentuadamente nos primeiros anos.

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A inteligência artificial pode acelerar o desenvolvimento pessoal quando usada com método, mas vira placebo brilhante quando tratada como atalho mágico. (Imagem: Moostocker/iStock)
Especialistas reacendem a discussão sobre como Google, Meta e outras gigantes tratam seus ativos de infraestrutura (Imagem: Moostocker/iStock)

Método importa mais que o prazo

Especialistas destacam que a discussão não se resume ao número de anos, mas ao método de depreciação adotado. Em muitos casos, a queda de valor é maior no início, o que tornaria a depreciação acelerada mais realista do que o modelo linear predominante. Ainda assim, a diferença prática é limitada.

No fim, contadores e analistas concordam: a depreciação é uma estimativa, não uma ciência exata. E se algum dia os investidores concluírem que parte dos gastos em IA foi mal direcionada, o problema não estará apenas nos cronogramas contábeis — mas no próprio tamanho das apostas feitas pelo setor.

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Mudanças nas regras de depreciação reduzem despesas, elevam lucros e reacendem críticas sobre transparência no setor de tecnologia – Imagem: BLKstudio/Shutterstock

Leandro Costa Criscuolo

Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Layse Ventura

Editor(a) SEO

Layse Ventura no LinkedIn

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.