Olhar Digital > Pro > Quanto vale um chip depois de três anos? Wall Street tenta responder
A depreciação dos equipamentos que alimentam a IA se tornou um dos debates mais acirrados entre investidores e empresas de tecnologia
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O avanço acelerado da inteligência artificial abriu um debate inesperado em Wall Street: como contabilizar os chips da Nvidia e outros equipamentos que sustentam essa corrida tecnológica, como explicado em uma matéria do Wall Street Journal.
À medida que empresas como Meta, Microsoft e Amazon investem centenas de bilhões de dólares em infraestrutura, decisões aparentemente técnicas — como o número de anos para depreciar um servidor — tornaram-se motivo de acalorado questionamento.
O investidor Michael Burry, famoso por antecipar a crise de 2008, reacendeu a polêmica ao afirmar que estender a vida útil de ativos “diminui artificialmente despesas e infla lucros”. Críticos veem risco de manipulação, mas analistas lembram que, no contexto da IA, é preciso avaliar o tema com mais nuance.

Mudanças nas estimativas e impacto bilionário
- Nos últimos anos, várias big techs ampliaram o período de depreciação de servidores e equipamentos de rede.
- A Meta aumentou a vida útil média para 5,5 anos, reduzindo em US$ 2,3 bilhões suas despesas de depreciação nos primeiros nove meses de 2025.
- Alphabet e Microsoft passaram de três para seis anos, enquanto a Amazon ajustou o prazo para cinco anos, após oscilar entre quatro e seis.
- A prática tem impacto direto nos balanços, já que a depreciação dilui ao longo do tempo o custo de equipamentos que perdem valor rapidamente — especialmente chips de alto desempenho, cujo preço de revenda cai mais acentuadamente nos primeiros anos.
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Método importa mais que o prazo
Especialistas destacam que a discussão não se resume ao número de anos, mas ao método de depreciação adotado. Em muitos casos, a queda de valor é maior no início, o que tornaria a depreciação acelerada mais realista do que o modelo linear predominante. Ainda assim, a diferença prática é limitada.
No fim, contadores e analistas concordam: a depreciação é uma estimativa, não uma ciência exata. E se algum dia os investidores concluírem que parte dos gastos em IA foi mal direcionada, o problema não estará apenas nos cronogramas contábeis — mas no próprio tamanho das apostas feitas pelo setor.

Colaboração para o Olhar Digital
Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.
