PF desmantela falso banco que movimentou mais de R$ 1 bilhão

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na quinta-feira (4), a Operação Mors Futuri, com o objetivo de desarticular grupos suspeitos de criar instituições financeiras clandestinas destinadas a captar irregularmente recursos de investidores. Segundo a corporação, o esquema apresentava indícios de crimes contra o sistema financeiro nacional, o mercado de capitais, estelionato, organização criminosa e crimes contra a economia popular.

Ao todo, 11 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Curitiba, atingindo residências e empresas ligadas aos investigados. A Justiça Federal também determinou o sequestro de imóveis, veículos de luxo e o bloqueio de até R$ 66 milhões em contas bancárias, medida que busca assegurar eventual ressarcimento às vítimas.

As investigações mostram que o grupo criou empresas supostamente ligadas à tecnologia, incluindo um “banco digital” de fachada, para captar poupança popular por meio de contratos de investimento que prometiam alta rentabilidade, baixo risco e ganhos acima da média do mercado. Para convencer as vítimas, os suspeitos alegavam operar com algoritmos sofisticados e inteligência artificial capaz de realizar operações altamente lucrativas.

Na realidade, segundo a PF, não havia lastro nem atividades financeiras reais. O modelo operava como uma pirâmide financeira clássica, usando novos aportes para pagar investidores mais antigos. Nenhuma das empresas possuía autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou do Banco Central para atuar como instituição financeira ou ofertar investimentos.

A polícia identificou que o grupo movimentou mais de R$ 1 bilhão pelo sistema financeiro nacional — valores que não retornaram aos investidores. Pouco antes de interromper os pagamentos, os investigados passaram a ocultar patrimônio e abandonar as empresas.

O principal articulador da fraude teve a prisão preventiva decretada após fugir dias antes do colapso do esquema. Ele teria transferido R$ 10 milhões para contas de benefício próprio e deixado o país, segundo a PF. A Justiça autorizou sua inclusão na Difusão Vermelha da Interpol, abrindo caminho para buscas internacionais.

Os envolvidos poderão responder por múltiplos crimes, incluindo estelionato, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro nacional, crimes contra o mercado de capitais, crimes contra a economia popular e organização criminosa. Outras tipificações podem surgir conforme o avanço das investigações.

O nome da operação, Mors Futuri, faz referência ao “banco digital” clandestino criado pelo grupo e simboliza o destino do dinheiro investido: em vez de render, “morria no futuro”, sendo drenado para alimentar a pirâmide e enriquecer seus criadores.

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