A Polícia Civil informou que Andreson Bezerra de Carvalho, de 46 anos, preso sob suspeita de matar Ana Paula Oliveira da Silva, de 23 anos, e descartar o corpo da jovem no rio Cauamé, em Boa Vista (RR), atuava como líder religioso na região. Ele foi detido na terça-feira (18), no bairro Silvio Leite, zona Oeste da capital.
De acordo com as investigações, Andreson se apresentava como pastor, realizava pregações, cantava em cultos e conduzia batismos, inclusive nas proximidades do rio Cauamé. A polícia destaca que ele conhecia detalhadamente a área, o que reforça a suspeita de que o crime tenha ocorrido no próprio local onde o corpo foi encontrado.
Os investigadores também apontam contradições no perfil do suspeito. Apesar da imagem religiosa divulgada nas redes sociais, a Polícia Civil afirma que Andreson frequentava ambientes marcados por consumo de álcool, prostituição e situações de extrema vulnerabilidade social — condutas consideradas incompatíveis com o papel que dizia exercer.
A Ordem Estadual dos Ministros Evangélicos de Roraima informou que não há confirmação de que Andreson seja, de fato, pastor reconhecido pela entidade. Segundo a instituição, o título só é concedido após um processo formal de formação, indicação e regularidade eclesiástica.
Ana Paula foi localizada morta no dia 7 de novembro. O corpo estava sem roupas e preso a galhos às margens do rio Cauamé. Inicialmente, a ocorrência foi registrada como afogamento, mas o avanço das apurações levou a Polícia Civil a reclassificar o caso como feminicídio.
“O que parecia um afogamento exigiu uma análise criteriosa da cena. A investigação técnica, com uso de imagens, rastreamento de deslocamentos e oitivas, mostrou que se tratava de um feminicídio”, afirmou o delegado Carlos Henrique, da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), responsável pela operação.
Durante a abordagem policial, Andreson relatou que conheceu Ana Paula em um bar no bairro Pintolândia e que os dois teriam saído juntos. Ele afirmou que deu carona à jovem, comprou bebidas alcoólicas durante o trajeto e a deixou nas proximidades do acesso ao rio, alegando ter saído sozinho e negando qualquer envolvimento no crime.
O suspeito também afirmou que havia outras pessoas na região, disse que a jovem era usuária de drogas e alegou desconhecer a morte dela. Após a prisão, Andreson foi levado à sede da DGH, onde prestou depoimento. As investigações seguem em andamento para esclarecer completamente as circunstâncias do crime.
A ação policial, denominada Operação Arcanum, contou com apoio da Inteligência da Polícia Militar, do Departamento de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e da Guarda Civil Municipal.
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