Nova IA prevê risco de câncer de mama até 5 anos antes

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O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, são 66,54 novos casos a cada 100 mil mulheres. Os exames para detecção incluem mamografia e ultrassonografia – e, em alguns casos, ressonância magnética.

No entanto, muitos casos não são detectados somente na mamografia. Pensando nisso, uma nova ferramenta de inteligência artificial reavalia imagens do exame e consegue prever o risco de uma pessoa desenvolver câncer de mama com cinco anos de antecedência.

cancer de mama
IA melhora encaminhamento para ressonânica magnética, que costuma ser mais precisa na detecção precoce (Imagem: Dikushin Dmitry/Shutterstock)

Nem todas as mamografias detectam risco de câncer

A médica Christiane Kuhl, da Universidade Técnica da Renânia do Norte-Vestfália em Aachen e autora principal do estudo, explicou à Deutsche Welle que muitos casos de câncer de mama não são detectados na mamografia – especialmente os tumores agressivos que crescem rapidamente. São justamente esses tumores que mais matam.

O algoritmo chega para ajudar a prever com antecedência casos de câncer de mama. A IA reavalia dados de imagens de mamografia com elevada precisão e estima o risco do desenvolvimento da doença nos próximos cinco anos. Ela foi desenvolvida pelo Consórcio Clairity (uma cooperação internacional de 46 instituições de pesquisa nos EUA, Canadá, América do Sul e Alemanha) e treinada com centenas de milhares de mamografias de mulheres na América e na Europa.

No estudo, mulheres identificadas pelo algoritmo como tendo alto risco de desenvolver a doença realmente tiveram probabilidade maior de, de fato, desenvolver a doença, em comparação com mulheres identificadas pela IA como “risco normal”. Ou seja, a tecnologia foi efetiva em estimar o risco em mamografias, mesmo sem sinal da doença.

Fita rosa de conscientização sobre o câncer de mama em um fundo de mamografia Conceito de prevenção do câncer de mama
IA foi treinada com imagens de mamografias (Foto: Fabian Ponce Garcia/Shutterstock)

IA pode ajudar a tornar exames mais efetivos

A mamografia é recomendada para mulheres entre 50 e 74 anos, a cada dois anos. Porém, Kuhl lembra que o risco de desenvolver a doença é individual e a necessidade dos exames também.

A ressonância magnética é um exame ainda mais confiável, mas costuma ser recomendado apenas para mulheres com densidade mamária extremamente alta. Os custos altos o tornam menos comum.

Nesse sentido, a IA pode indicar quais casos precisam de um encaminhamento para ressonância magnética precoce. A tecnologia não requer informações adicionais, como histórico familiar ou estilo de vida – apenas a mamografia. Além disso, ela reconhece tanto a quantidade de tecido granular quanto a textura – dois parâmetros para medir o risco de câncer de mama.

Segundo a autora, “a IA pode decidir em segundos se uma mulher precisa ou não de uma ressonância magnética para detecção precoce”.

Imagem mostra duas mulheres, uma médica e outra paciente, analisando exame de câncer de mama
Ferramenta ajuda na detecção precoce (Crédito: Lordn/Shutterstock)

Detecção precoce de câncer de mama pode salvar vidas

  • Embora a recomendação dos exames seja a partir dos 50 anos, a detecção precoce efetiva pode prever casos de rápido desenvolvimento (os que mais matam);
  • Kuhl lembra que mulheres jovens têm tecido mamário menos denso, o que torna a detecção precoce por mamografia difícil. Nesse caso, elas não são encaminhadas para ressonância magnética e o risco não é identificado com antecedência;
  • A IA pode sanar isso, tornando esses encaminhamentos mais efetivos.