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O primeiro lançamento comercial de foguete do Brasil foi adiado pela segunda vez. O voo do HANBIT-Nano, previsto para esta quarta-feira (17), a partir da Base de Alcântara, no Maranhão, não aconteceu após a detecção de uma anomalia técnica durante a inspeção final do veículo.
Segundo a empresa responsável pelo foguete, a sul-coreana Innospace, a decisão foi tomada para garantir tempo adicional para a substituição de componentes. A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou o adiamento. A nova previsão é que o lançamento ocorra na sexta-feira (19), de acordo com o G1.
Lançamento de foguete é adiado por precaução técnica às vésperas da decolagem
De acordo com a Innospace, a anomalia foi identificada no sistema de resfriamento do fornecimento de oxidante do primeiro estágio do foguete. É um componente essencial para o funcionamento do motor. A empresa afirma que a medida é preventiva e que o veículo não apresenta defeitos estruturais.

Ainda segundo a companhia, a intervenção envolve apenas a troca de alguns componentes desse sistema específico. Como o foguete já estava posicionado na plataforma, o procedimento pode ser feito em menos tempo do que o habitual, o que permite reagendar o lançamento em poucos dias.
A FAB informou que mantém infraestrutura, sistemas e equipes técnicas plenamente operacionais, prontas para dar suporte à missão assim que a nova data for confirmada.
Missão simboliza virada histórica para Alcântara e o programa espacial do Brasil
O lançamento do HANBIT-Nano integra a Operação Spaceward, que pode colocar o Brasil no mercado de lançamentos comerciais de foguetes. Embora o veículo seja operado pela Innospace, toda a coordenação do voo fica sob responsabilidade das autoridades brasileiras, incluindo a FAB e a Agência Espacial Brasileira (AEB).

Mais do que colocar cargas em órbita, a missão serve para testar, na prática, o potencial da Base de Alcântara como polo comercial. Localizada próxima à Linha do Equador, a base permite economizar combustível e ampliar as opções de trajetórias orbitais. São vantagens que tornam lançamentos mais eficientes e baratos.
Apesar dessas condições naturais, Alcântara ficou subutilizada por décadas. Entre os principais entraves estiveram o acidente de 2003, que matou 21 técnicos durante os preparativos de um lançamento, e os conflitos fundiários com comunidades quilombolas, que chegaram a tribunais internacionais.
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Esse cenário começou a mudar nos últimos anos. Em 2019, por exemplo, o Brasil assinou com os Estados Unidos o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, que facilitou o uso comercial da base por empresas que utilizam tecnologia norte-americana. Já em 2024, um acordo reconheceu oficialmente o território quilombola e delimitou a área do centro de lançamento.
Com essas barreiras destravadas, o voo do HANBIT-Nano passa a simbolizar o início de uma fase para o país no espaço. Mas, para isso, o foguete e a missão precisam decolar.
