O juiz federal Eduardo Appio, que atuou nos processos da Operação Lava Jato, tornou-se alvo de um processo administrativo disciplinar instaurado pela Corte Especial Administrativa do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Na mesma decisão, o tribunal manteve a suspensão do magistrado, que é suspeito de furtar garrafas de champanhe em um supermercado de Blumenau, em Santa Catarina.
O caso veio à tona em outubro e envolve o suposto furto de duas garrafas de champanhe da marca Moët, avaliadas em cerca de R$ 500 cada. Segundo o boletim de ocorrência, os furtos teriam ocorrido em datas diferentes, nos dias 20 de setembro e 4 de outubro de 2025. O registro policial aponta que o suspeito deixou o local conduzindo um veículo cuja placa estaria registrada em nome do juiz.
De acordo com a Polícia Civil, imagens e documentos reunidos na investigação indicaram o envolvimento do magistrado, o que levou ao envio do caso ao TRF-4, já que apenas o tribunal pode apurar condutas de juízes federais de primeira instância. O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que o trabalho policial se limitou à apuração do furto e ao encaminhamento das provas ao tribunal.
Atualmente, Eduardo Appio é juiz da 18ª Vara Federal de Curitiba, responsável por processos previdenciários. Em 2023, ele chegou a assumir a 13ª Vara Federal de Curitiba, considerada o berço da Lava Jato, mas foi afastado da função após uma série de episódios que culminaram em sua retirada definitiva dos casos da operação por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em nota ao g1, Appio afirmou que está apresentando defesa administrativa e classificou o episódio como “fake news política”. Ele também disse confiar na prudência do TRF-4 e alegou que o tribunal teria sido induzido a erro por um delegado de polícia, afirmação negada pela Polícia Civil de Santa Catarina.
Procurado, o TRF-4 confirmou apenas a manutenção do afastamento e a abertura do processo disciplinar. Já a Justiça Federal do Paraná informou que não irá se manifestar sobre o caso. O procedimento segue em tramitação administrativa e poderá resultar em sanções disciplinares, a depender da conclusão das apurações.

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