Funcionário é preso após cobrar R$ 2,5 mil para religar energia após vendaval em SP

Um funcionário de uma empresa terceirizada da Enel foi preso em flagrante na quinta-feira (11) após admitir que cobrou R$ 2,5 mil para religar a energia de um imóvel na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo. A detenção foi realizada pelo subprefeito da região, Rafael Minatogawa, que recebeu a denúncia de comerciantes e decidiu fazer a abordagem pessoalmente.

A área enfrenta longas interrupções no fornecimento desde quarta-feira (10), quando rajadas de vento de até 98 km/h derrubaram árvores e danificaram a rede elétrica. Moradores e comerciantes relatam que estão há mais de 24 horas sem luz.

Abordagem e gravação do flagrante

De acordo com Minatogawa, o comerciante que fez a denúncia apresentou mensagens e a chave PIX enviada pelo funcionário, identificado como Alex Rodrigues Nogueira. O subprefeito então o abordou na rua Estado de Israel e questionou sobre o suposto pagamento. O diálogo foi gravado e mostra Alex admitindo a cobrança para realizar o serviço, que chamou de “bico”.

Após a confirmação, Minatogawa acionou a Polícia Civil e deu voz de prisão no local. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que o homem foi autuado por corrupção passiva no 16º Distrito Policial, na Vila Clementino.

Enel diz que serviço não pode ser cobrado

A Enel afirmou que o preso atua por meio de uma empresa parceira, e reforçou que serviços de restabelecimento de energia em situações de emergência não podem ser cobrados diretamente do consumidor. A companhia também orientou clientes a utilizar apenas os canais oficiais e denunciar qualquer solicitação de pagamento.

Outro caso em Diadema

Também nesta quinta-feira (11), moradores de Diadema acionaram a Polícia Militar após funcionários de uma prestadora de serviços da Enel supostamente cobrarem valores para religar a energia. As partes foram levadas ao 3º Distrito Policial do município, onde o caso está sendo registrado.

Crise de abastecimento e prejuízos a comerciantes

A Enel informou que não há previsão para normalizar o serviço em todas as áreas afetadas. Mais de 1,2 milhão de imóveis ficaram sem energia após os ventos intensos, sendo cerca de 865 mil apenas na capital. A concessionária justificou que, em alguns trechos, será necessário reconstruir trechos inteiros da rede.

A falta de luz já provoca prejuízos significativos. Laila Santos, sócia do restaurante africano Manden Baobá, fez um apelo emocionado nas redes sociais após perder mercadorias e clientes. O estabelecimento, localizado também na Vila Mariana, está impossibilitado de funcionar devido à interrupção prolongada.

Comércios de toda a região relatam dificuldades semelhantes. Restaurantes, lavanderias, salões e farmácias seguem fechados ou operam com geradores improvisados.

A polícia segue investigando os casos envolvendo funcionários de empresas parceiras da Enel, enquanto moradores aguardam a regularização do fornecimento.

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