A defesa da família da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos, vítima de feminicídio dentro do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (RCG), em Brasília, negou que a jovem tivesse qualquer tipo de relacionamento com o soldado Kelvin Barros da Silva, 21, autor confesso do crime.
Em nota divulgada nas redes sociais, o escritório responsável pela defesa da família afirmou que “é falso que Maria mantivesse qualquer relação com o agressor”. Para os familiares, a hierarquia militar pode ter sido o motivo central do assassinato.
“Esse contexto aponta para o não aceite da autoridade feminina. Maria foi atraída, esfaqueada e incendiada no local, em um contexto de violência extrema dirigida à sua condição de mulher”, destacou a defesa. A cabo foi descrita como discreta, séria e focada nos estudos.
Maria havia ingressado há cinco meses no Exército para a vaga de musicista e foi encontrada morta por militares do Corpo de Bombeiros do DF. O soldado Kelvin Barros, que também fazia parte do regimento, confessou o crime à Polícia Civil. Em depoimento, afirmou que mantinha um relacionamento extraconjugal com a vítima e que a matou após uma discussão. A versão, no entanto, é categoricamente rejeitada pela família da cabo.
Segundo o delegado Paulo Noritika, o soldado disse que a discussão começou quando Maria teria exigido que ele terminasse o relacionamento com a namorada atual. Ele relatou que, durante o desentendimento, a cabo tentou sacar a arma de fogo, mas foi desarmada por Kelvin, que então utilizou uma faca militar para golpeá-la no pescoço. Em seguida, ainda segundo o depoimento, o militar ateou fogo à sala da fanfarra e fugiu, levando a pistola da vítima.
A prisão em flagrante de Kelvin Barros foi convertida em preventiva neste sábado (6), após audiência de custódia no Núcleo de Audiências de Custódia (NAC).
O Exército informou que o soldado será expulso da corporação. Ele permanece detido no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, “respondendo a processo criminal, devendo ser excluído das fileiras da Força e responsabilizado pelo ato cometido”. A instituição afirmou prestar apoio à família e reforçou que não tolera atos criminosos cometidos por seus integrantes. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar o caso.

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