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Ex-líder de igreja é preso e apontado como estuprador em série

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Ex-líder de igreja é preso e apontado como estuprador em série

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) passou a tratar o ex-líder da Igreja Batista Filadélfia, Gabriel de Sá Campos, de 30 anos, como um estuprador em série. Ele é investigado por abusos sexuais contra adolescentes ligados à instituição religiosa, e as autoridades não descartam o surgimento de novas vítimas ao longo do avanço das apurações.

Segundo a investigação, pelo menos quatro menores de idade já relataram ter sido vítimas dos crimes. As denúncias indicam um padrão recorrente de comportamento, o que levou a polícia a classificar o caso como crimes sexuais em série. As informações foram confirmadas durante uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (23) pela 4ª Delegacia de Polícia do Guará.

De acordo com o delegado-chefe Herbert Léda, o enquadramento ocorre quando há repetição do mesmo tipo de crime contra vítimas diferentes. “Quando um indivíduo comete mais de três crimes com o mesmo modo de agir, ele passa a ser classificado como autor em “serial estuprador”, explicou a autoridade policial.

A PCDF segue investigando o caso, colhendo novos depoimentos e analisando provas, enquanto reforça o pedido para que possíveis vítimas procurem a polícia para contribuir com as investigações.

Preso preventivamente

O investigado Gabriel de Sá Campos está detido preventivamente desde a última sexta-feira (19). Conforme apurado pela Polícia Civil, ele é filho do principal líder da Igreja Batista Filadélfia e exercia funções de destaque dentro da instituição religiosa, onde mantinha contato direto com adolescentes.

Segundo os investigadores, Gabriel atuava como responsável por um núcleo  do “ministério da sexualidade”, voltado a orientações sobre sexualidade, um espaço destinado a aconselhamento e educação sexual de jovens frequentadores da igreja. As autoridades, no entanto, ainda buscam esclarecer como essa área foi criada e em que circunstâncias o acusado passou a comandar o setor.

De acordo com o delegado-chefe-adjunto Marcos Paulo Loures, esse tipo de função costuma ser estabelecido de forma informal dentro de organizações religiosas, o que dificulta a identificação de responsabilidades e a fiscalização interna. A polícia segue reunindo informações para entender a estrutura da paróquia e o contexto em que os crimes teriam ocorrido.

Filmes e festa do pijama

Segundo a investigação, Gabriel de Sá Campos utilizava a posição de influência que ocupava dentro da igreja para se aproximar dos adolescentes, criando um vínculo de confiança antes de cometer os abusos. Após conquistar a credibilidade das vítimas, ele articulava situações em que permanecia sozinho com os jovens, circunstância em que os crimes teriam ocorrido.

Um dos episódios denunciados teria acontecido nas próprias instalações da igreja, durante uma atividade organizada pelo acusado e apresentada como um encontro recreativo, semelhante a uma festa do pijama. Em outras ocasiões, Gabriel convidava os adolescentes para assistir a filmes em sua residência, localizada no Guará, no Distrito Federal, usando o convite como estratégia para atrair as vítimas.

De acordo com os relatos, mesmo sendo casado, o acusado praticava os abusos enquanto a esposa permanecia em outro ambiente da casa. As vítimas afirmam que demonstravam desconforto e pediam que as ações cessassem, mas eram ignoradas. Para tentar escapar das situações, alguns adolescentes relataram que se escondiam no banheiro ou pediam aos pais para irem buscá-los.

Ainda de acordo com relatos, ele acariciava as partes íntimas das crianças, que se incomodavam e pediam para parar, mas o estuprador as ignorava. Para cessar as importunações, alguns rapazes se escondiam no banheiro ou pediam para os pais buscá-los.

As investigações conduzidas pela polícia indicam um padrão contínuo de violência sexual contra vítimas do sexo masculino, com episódios que teriam começado ainda na infância. De acordo com os dados reunidos na investigação, há relatos de abusos envolvendo crianças de 10 e 12 anos, além de um adolescente que teria sido vítima de forma recorrente entre os 13 e 17 anos. Um quarto caso envolve um jovem de 16 anos. As denúncias apontam que os crimes sob apuração teriam ocorrido a partir de 2019.

Diante da gravidade dos fatos e do risco de interferência nas investigações, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou a prisão temporária do suspeito por 30 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período, conforme prevê a legislação. As autoridades seguem colhendo depoimentos e analisando provas para esclarecer completamente os crimes e verificar a existência de novas vítimas.

Igreja Batista Filadélfia se pronuncia

Em nota, a Igreja Batista Filadélfia informou que Gabriel Campos exercia atividades voluntárias em cargos de liderança ligados ao Ministério de Adolescentes, mas destacou que ele não atuava na instituição neste ano. A nota foi divulgada após a repercussão das investigações conduzidas pela Polícia Civil do Distrito Federal.

“Esclarecemos, ainda, que a relação de parentesco entre o investigado e o pastor presidente não interferiu, nem jamais interferirá, nas medidas disciplinares adotadas pelo Conselho Disciplinar ou na colaboração com a Polícia Civil e o Poder Judiciário”, declarou.

Por fim, a Igreja Batista Filadélfia afirmou que preza pela precisão das informações e pela proteção de sua comunidade. “O sigilo da investigação policial e o dever de proteger a privacidade dos menores e de suas famílias impedem a divulgação de outros detalhes, além dos que foram apresentados acima”, disse.

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