Emboscada, morte instantânea e policiais suspeitos: veja novos detalhes da investigação sobre amigos mortos no Paraná

Polícia Civil do Paraná (PC-PR) divulgou na útima quarta-feira (10) novos elementos sobre o assassinato dos quatro homens que saíram de São José do Rio Preto (SP) para cobrar uma dívida em Icaraíma, no Noroeste do estado. Segundo a investigação, as vítimas foram mortas instantaneamente em uma emboscada e enterradas às pressas. Dois policiais civis da região também são investigados sob suspeita de repassar informações que podem ter facilitado a fuga dos responsáveis pelo crime.

Os principais suspeitos continuam sendo Antonio Buscariollo, de 66 anos, e o filho, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22, ambos foragidos desde 9 de agosto.

Audiências revelam preocupação das vítimas antes da viagem

Áudios divulgados pela polícia mostram que as vítimas já demonstravam receio antes do segundo encontro com os Buscariollo. Em uma das gravações, Alencar Gonçalves de Souza, que havia contratado o grupo para cobrar a dívida, diz temer uma retaliação, mencionando rumores de envolvimento dos devedores com contrabando de cigarros e outros crimes.

Em outro áudio, Diego Henrique Afonso, um dos cobradores, relata à esposa que a situação “estava complicada” e cita novamente suspeitas de atividades criminosas na região.

A polícia afirma que ainda investiga se há ligação da família Buscariollo com esquemas de contrabando e tráfico na fronteira.

Execução ocorreu em poucos segundos, afirma polícia

A polícia reconstituiu a dinâmica da emboscada e concluiu que os quatro homens foram executados assim que chegaram à propriedade rural onde fariam a cobrança da dívida, por volta das 12h30 do dia 5 de agosto.

Segundo a investigação:

  • Os disparos ocorreram quando as vítimas ainda estavam dentro da Fiat Toro.

  • Pelo menos cinco armas foram utilizadas, incluindo um fuzil.

  • Os tiros foram feitos de três posições diferentes.

  • As regiões atingidas — cabeça e tórax — impossibilitaram qualquer chance de sobrevivência.

Os laudos apontam que não houve sequestro, cativeiro ou tortura. As mortes foram imediatas.

Corpos foram enterrados às pressas

Depois da execução, as vítimas foram levadas no próprio veículo até uma vala a 650 metros do local do crime. A picape foi encontrada em setembro, enterrada em um bunker em área de mata fechada.

Os corpos foram encontrados em estado de saponificação, processo químico que interrompe a decomposição. Isso ocorreu devido às características do solo onde foram enterrados, segundo a polícia.

  • Robishley Hirnani de Oliveira: atingido por tiros na cabeça, costas, tórax e braço.

  • Diego Henrique Afonso: nove disparos, a maioria no tórax.

  • Rafael Juliano Marascalchi: seis tiros, três deles na cabeça.

  • Alencar Gonçalves de Souza: um disparo na cabeça.

Dois policiais são investigados

Na terça-feira (9), dois policiais civis de Icaraíma foram alvos de busca e apreensão. A suspeita é de que eles tenham fornecido informações que facilitaram a fuga dos Buscariollo ou prejudicado etapas da investigação.

Eles podem responder por favorecimento pessoal e corrupção, além de processo administrativo. Ambos foram removidos da delegacia enquanto o caso é analisado pela Corregedoria.

Dívida de R$ 255 mil motivou a cobrança

A dívida se referia à venda de uma propriedade rural por Alencar à família Buscariollo. O acordo previa dez notas promissórias de R$ 25 mil, mas nenhuma parcela foi paga.

Mesmo sem quitar o valor, a propriedade acabou registrada em nome de um dos filhos de Antonio no dia 5 de agosto de 2024.

Perfil das vítimas

Diego Henrique Afonso
Morador de Olímpia (SP), tinha passagens por crimes diversos, segundo a polícia. Não chegou a ser preso.

Rafael Juliano Marascalchi
Morava em São José do Rio Preto. Era casado e avô. Tinha histórico antigo por tráfico e tentativa de homicídio.

Robishley Hirnani de Oliveira
Amigo do grupo, tinha registros por estelionato, ameaças e crimes de trânsito.

Alencar Gonçalves de Souza
Morador de Icaraíma, contratou os cobradores. Não tinha antecedentes.

Buscas continuam

Antonio e Paulo Buscariollo continuam foragidos. Outros familiares que moravam na mesma propriedade também desapareceram e são investigados, mas não tiveram os nomes divulgados.