Corrida das IAs: parece que chegamos a um esperado divisor de águas

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Pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPF) criaram um software que elimina a necessidade de enviar dados para a nuvem ao usar IA, protegendo informações sensíveis e reduzindo custos. Transformado em startup, o Anyway Systems permite executar modelos poderosos localmente, sem depender de grandes centros de dados.

A tecnologia promete revolucionar o uso da IA em empresas e administrações, oferecendo privacidade, soberania e sustentabilidade sem sacrificar desempenho ou precisão.

Uma startup suiça quer mudar o jeito como usamos IA: modelos potentes rodando localmente, com mais controle e menos custo.
Uma startup suiça quer mudar o jeito como usamos IA: modelos potentes rodando localmente, com mais controle e menos custo. Imagem: Andy/iStock

IA poderosa direto no seu hardware

Atualmente, a maioria das tarefas de IA exige enviar dados para a nuvem, onde modelos processam as informações e retornam resultados. Esse método depende de enormes centros de dados e consome muita energia, além de levantar questões de privacidade e soberania.

O Anyway Systems, desenvolvido pelos pesquisadores Gauthier Voron, Geovani Rizk e Rachid Guerraoui, permite baixar modelos de IA de código aberto e executá-los localmente em clusters on-premise. Com apenas quatro máquinas equipadas com GPUs comerciais, é possível rodar modelos enormes, como o GPT-120B, antes restritos a racks especializados e caros.

Durante anos, acreditou-se que grandes modelos de IA exigiam recursos enormes, mas abordagens mais inteligentes e econômicas são possíveis.

Rachid Guerraoui, em comunicado

O software combina máquinas distribuídas e técnicas de autoestabilização, garantindo que falhas em alguma máquina não comprometam o sistema, além de otimizar o uso do hardware local.

Por anos disseram que IA grande precisava de data centers gigantes. Software criado por startup suiça mostra que dá para fazer diferente — e mais barato.
Por anos disseram que IA grande precisava de data centers gigantes. Software criado por startup suiça mostra que dá para fazer diferente — e mais barato. Imagem: Frame Stock Footage/Shutterstock

Segurança, soberania e eficiência energética

Executar IA localmente significa que dados sensíveis — como registros médicos ou documentos confidenciais — não saem da rede do usuário. Isso fortalece a privacidade e mantém o controle da informação nas mãos de quem a produz.

Além disso, reduzir a dependência da nuvem ajuda a diminuir o consumo de energia e água dos gigantescos centros de dados, tornando o processo mais sustentável.

  • Execução local de modelos poderosos
  • Privacidade e soberania dos dados garantidas
  • Menor consumo energético e de recursos hídricos
  • Escalabilidade automática e tolerante a falhas

“Testes piloto mostraram que é possível reduzir recursos sem perder precisão. A latência aumenta pouco, mas o ganho em segurança é enorme”, explica Guerraoui.

Enquanto soluções como Llama rodam em um único dispositivo, o Anyway Systems junta várias máquinas e mantém tudo local e seguro.
Enquanto soluções como Llama rodam em um único dispositivo, o Anyway Systems junta várias máquinas e mantém tudo local e seguro. Imagem: Fajri Mulia Hidayat/Shutterstock

Aplicações e futuro da IA distribuída

O Anyway Systems já está em teste em empresas e administrações na Suíça, incluindo a própria EPFL. Ele também foi selecionado pelo Startup Launchpad AI Track do UBS, programa de financiamento dedicado à IA.

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O software se diferencia de soluções como Google AI Edge ou Llama, que dependem de um único dispositivo e não permitem combinar várias máquinas de forma escalável. Com a Anyway Systems, modelos enormes podem ser executados localmente, adaptados a dados sensíveis e completamente seguros, devolvendo o controle ao usuário.

Segundo o professor David Atienza, vice-presidente da EPFL, “o Anyway Systems é uma tecnologia atraente que otimiza recursos, garante segurança e pode ser um divisor de águas na IA”.