Caseiro dá carro ao filho como ‘recompensa’ por participação em chacina de Jaboticabal

O caseiro Milton Gonçalves Filho, de 48 anos, revelou à polícia que entregou um carro usado ao próprio filho, Leonardo Gonçalves, de 21 anos, como forma de recompensa pela participação no assassinato de sua ex-companheira, Jéssica Rizzo, de 33 anos. O homicídio ocorreu em agosto do ano passado, mas a confissão só foi feita nesta semana, durante depoimento prestado às autoridades.

No mesmo interrogatório, realizado na terça-feira (23), Milton também assumiu a autoria de uma sequência de crimes que chocou investigadores. Ele afirmou ser o responsável pelas mortes da atual companheira, Sabrina de Almeida Lima, de 27 anos, e dos três filhos dela: Eduardo Felipe, de 10 anos, Victor Hugo, de 8, e Luiz Henrique, de apenas 6 anos.

As investigações revelaram que os assassinatos de Jéssica Rizzo e de Sabrina de Almeida Lima com os três filhos dela, ocorreram com cerca de um ano de diferença. Em depoimento à polícia, Milton Gonçalves Filho e o filho, Leonardo Gonçalves, confirmaram que atuaram em conjunto nas duas ações criminosas.

Segundo os relatos, após os homicídios, os cinco corpos foram ocultados e enterrados em uma fazenda localizada na zona rural de Jaboticabal, no interior de São Paulo, local onde o caseiro residia.

Pai e filho seguem detidos desde a última terça-feira, data em que admitiram envolvimento nos crimes investigados pela polícia. Após a confissão, ambos passaram por audiência de custódia e, na quarta-feira (24), a Justiça decidiu converter a prisão em flagrante em prisão preventiva.

Delegado fala sobre o depoimento

De acordo com informações repassadas pelo delegado responsável pelo caso, Milton Gonçalves Filho relatou em depoimento que conheceu Jéssica Rizzo em um carrinho de lanches e que os dois tiveram um envolvimento por um período curto.

Ainda segundo o investigador, o suspeito afirmou que a decisão de cometer o crime surgiu após ele dizer que teria se “cansado” da companheira. A declaração foi registrada oficialmente durante o interrogatório e passou a integrar o inquérito policial.

“Ele contou que conheceu a mulher no carrinho de lanche, combinaram de coabitar, ela esteve na casa por uma semana e depois não retornou. Depois que ele não esperava mais por ela, ela voltou e resolveu não sair mais. Aí ele, parece que não se agradou do companheirismo, queria se livrar e não tinha condições. Então, conversou com o filho, demonstrando essa insatisfação, e eles acabaram combinando de cometer o crime, achando que era a forma mais rápida de se ver livre dela”.

Segundo informações do delegado, Jéssica Rizzo foi assassinada com golpes de marreta, método semelhante ao utilizado no crime que vitimou Sabrina de Almeida Lima e os três filhos dela, mortos no dia 18 de dezembro deste ano.

Na última terça-feira, o suspeito levou os policiais até os pontos onde, segundo ele, os corpos teriam sido enterrados. Até o momento, apenas os restos mortais de Sabrina e dos filhos foram encontrados, distribuídos em duas covas rasas em uma região de mata próxima à propriedade.

De acordo com o depoimento de Milton, o corpo de Jéssica estaria em um trecho mais próximo ao córrego que atravessa a fazenda. Equipes da polícia realizaram buscas no local nesta sexta-feira (26), porém nada foi localizado.

As diligências devem ser retomadas na próxima segunda-feira (29), com o apoio de uma retroescavadeira, na tentativa de localizar o corpo da vítima e concluir a perícia.


Caseiro dá carro ao filho como 'recompensa' por participação em chacina de Jaboticabal

Jéssica Rizzo e Sabrina de Almeida Lima foram mortas por Milton Gonçalves Filho em Jaboticabal, SP (Foto: Arquivo pessoal)


Delegado destaca frieza de pai e filho ao confessarem os crimes

O delegado Oswaldo José da Silva afirmou que a postura de Milton Gonçalves Filho e do filho, Leonardo Gonçalves, durante os depoimentos chamou a atenção da equipe policial pela ausência total de emoção ao confessarem os assassinatos investigados, principalmente as mortes de Sabrina de Almeida Lima e de seus filhos.

“Você conversa com eles e eles não demonstram, em nenhum momento, sentimento qualquer pela forma como praticaram o crime. Não tem sentimento nenhum, apreço pelo ser humano nenhum. Não gaguejaram, não titubearam, falavam firme e com segurança que levava a gente a checar as informações e a gente encontrava os vestígios daquilo que eles estavam passando”.

As investigações também tiveram acesso a áudios obtidos pela EPTV, nos quais Leonardo demonstra sentimentos de raiva em relação à madrasta. Em mensagens enviadas a um amigo na noite dos crimes, o jovem utiliza termos ofensivos para se referir a Sabrina, revelando um clima de conflito dentro da residência.

Em uma das mensagens, o suspeito relata nervosismo e afirma que o pai não estaria mais suportando a situação, mencionando discussões frequentes e tensão entre os envolvidos. O conteúdo dos áudios passou a integrar o inquérito e reforça as linhas de apuração da Polícia Civil.

“O Milton está falando que não está aguentando. Só fala, gosta de sofrer na unha de mulher. Se você ver a tremedeira aqui, é tanto nervoso que passa, e essa praga dessa mulher não quer voltar para a casa da avó, porque brigou com a velha”.

O caso segue sob investigação para esclarecer todos os detalhes e responsabilidades relacionadas aos crimes.

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