Brasil elimina transmissão vertical do HIV e registra menor mortalidade em 32 anos

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O Brasil atingiu um marco histórico no enfrentamento ao HIV: pela primeira vez, o país eliminou a transmissão vertical — quando a infecção passa da mãe para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação — como problema de saúde pública.

O avanço acompanha uma redução de 13% nas mortes por Aids entre 2023 e 2024, resultado direto da ampliação da testagem, do acesso a terapias modernas no SUS e da adoção de estratégias de prevenção mais completas.

De acordo com o novo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, o país registrou 9,1 mil mortes por Aids em 2024, o menor número em 32 anos. No mesmo período, os casos de Aids caíram 1,5%, enquanto os índices relacionados ao componente materno-infantil também apresentaram retração significativa.

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Acesso a terapias modernas no SUS e adoção de estratégias de prevenção mais completas são alguns dos motivos para o fim da transmissão vertical do HIV no país (Imagem: Cassiano Correia / Shutterstock)

Avanços na prevenção e controle do HIV

A eliminação da transmissão vertical foi possível porque o Brasil manteve a taxa abaixo de 2% e a incidência de casos em crianças menores de 0,5 por mil nascidos vivos — critérios internacionais considerados pela OMS. Além disso, o país alcançou mais de 95% de cobertura em pré-natal, testagem e tratamento de gestantes vivendo com o vírus.

Os números também mostram melhora expressiva na assistência durante a gestação: o início tardio da profilaxia neonatal caiu 54%, reforçando o impacto positivo da ampliação do cuidado nas maternidades e no pré-natal.

O avanço se soma à implementação da chamada Prevenção Combinada, estratégia que reúne diversos métodos contra o HIV. Antes baseada principalmente no uso de preservativos, ela agora inclui ferramentas como PrEP e PEP, além da oferta ampliada de testes e autotestes. A PrEP, por exemplo, registrou crescimento superior a 150% no número de usuários desde 2023, alcançando atualmente 140 mil pessoas.

A PrEP registrou crescimento superior a 150% no número de usuários desde 2023

O Brasil também fortaleceu o diagnóstico precoce ao adquirir 6,5 milhões de duo testes para HIV e sífilis — um aumento de 65% — e distribuir 780 mil autotestes. No tratamento, mais de 225 mil pessoas utilizam hoje o comprimido único de lamivudina com dolutegravir, combinação de alta eficácia e melhor tolerabilidade, que melhora a adesão e a qualidade de vida.

Essas medidas aproximam o país das metas globais 95-95-95: 95% das pessoas vivendo com HIV conheçam seu diagnóstico, 95% estejam em tratamento e 95% das tratadas atinjam supressão viral. Duas das três metas já foram cumpridas, segundo o Ministério da Saúde.

Destaques da política nacional de enfrentamento ao HIV:

  • Eliminação da transmissão vertical como problema de saúde pública
  • Queda de 13% na mortalidade por Aids em um ano
  • Crescimento de mais de 150% no uso da PrEP
  • Ampliação de testes, autotestes e exames duplos para HIV e sífilis
  • Adoção de terapias mais modernas e simplificadas no SUS
Ampliação de testes, autotestes e exames duplos para HIV e sífilis no SUS ajudou a conter a epidemia no Brasil

Além das ações assistenciais, o governo anunciou editais que somam R$ 9 milhões para fortalecer a participação social no enfrentamento à Aids, reconhecendo o papel das organizações civis na formulação de políticas públicas. Também foi instituído um comitê interministerial dedicado à eliminação de infecções determinadas socialmente, com foco especial no HIV.

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Como parte das celebrações dos 40 anos de resposta brasileira à epidemia, o Ministério da Saúde inaugurou a exposição “40 anos da história da resposta brasileira à Aids”, no SESI Lab, em Brasília, e lançou a campanha “Nascer sem HIV, viver sem aids”. A mostra ficará aberta até 30 de janeiro de 2026 e integra as ações do Dezembro Vermelho 2025.