Amigos desaparecidos: vítimas revelaram ‘segredo’ macabro antes da morte

Novos detalhes sobre o assassinato de quatro homens em Icaraíma, no interior do Paraná, vieram à tona após a divulgação de áudios pela Polícia Civil do Paraná (PC-PR). As gravações mostram que duas das vítimas já demonstravam medo e desconfiança antes do crime, ao relatarem supostas ligações dos devedores com o tráfico de drogas e o contrabando de cigarros.

Os áudios, divulgados nesta quarta-feira (10), foram enviados por Alencar Gonçalves de Souza e Diego Henrique Affonso dias antes da emboscada. Em uma das mensagens, Alencar afirma que evitou tocar no assunto anteriormente, mas revela temor ao descobrir quem seriam as pessoas envolvidas na dívida que tentavam cobrar.

“Ele mexe com uns trem errado aqui. […] Aí que eu fui saber quem era o cara”, diz Alencar em áudio enviado no dia 4 de agosto.

Já no dia seguinte, Diego encaminhou uma mensagem de voz à esposa relatando a tensão vivida após um encontro com Antônio Buscariollo, de 66 anos, e o filho dele, Paulo Ricardo Buscariollo, de 22. Pai e filho são apontados como principais suspeitos do crime e estão foragidos desde 9 de agosto.

“O bicho tá pegando aqui hoje. […] O cara trafica cigarro, passa pro Paraguai. A gente tá meio esperto por causa de tiro”, afirmou Diego.

De acordo com o delegado Gabriel Menezes, a investigação aponta indícios de que a família suspeita teria envolvimento com contrabando e tráfico na região, possivelmente em conexão com organizações criminosas. A defesa de Antônio e Paulo Ricardo nega essa versão e afirma que a autoria do crime ainda não está esclarecida. Segundo o advogado, a fuga ocorreu para evitar que a investigação se concentrasse apenas em um possível “bode expiatório”.

Crime foi uma emboscada

As vítimas, Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Affonso, saíram de São José do Rio Preto (SP) rumo a Icaraíma com o objetivo de cobrar a dívida contratados por Alencar Gonçalves de Souza. Segundo a Polícia Civil, o grupo foi atacado no dia 5 de agosto, por volta das 12h30, assim que chegou à propriedade rural onde ocorreria a negociação.

As apurações indicam que os homens caíram em uma emboscada. Os tiros teriam sido disparados de ao menos três pontos distintos, com o uso de pelo menos cinco armas de calibres diferentes, atingindo a caminhonete ainda em movimento. A polícia descarta sequestro ou tortura e afirma que as mortes foram imediatas.

Após a execução, os corpos foram transportados dentro da própria Fiat Toro até uma cova, onde foram enterrados. Partes do veículo também foram localizadas junto às vítimas.

O caso segue sob investigação e os suspeitos continuam sendo procurados pela Polícia Civil do Paraná.

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