O caso dos quatro amigos de Icaraíma, no Paraná, encontrados mortos após saírem para cobrar uma dívida no interior de São Paulo teve novos desdobramentos nesta sexta-feira (19), com a divulgação de um novo laudo necroscópico.
Segundo a análise técnica do Instituto Médico Legal (IML), três das quatro vítimas foram atingidas por disparos a queima-roupa, caracterizados por tiros efetuados a curta distância. A constatação contraria a versão inicial de que os homens teriam sido mortos dentro do veículo em que estavam.
O documento pericial aponta ainda que os corpos apresentavam ferimentos concentrados no lado esquerdo, um padrão que se repete de forma semelhante entre as vítimas.
Laudos de especialistas
De acordo com especialistas que atuam na defesa, esse tipo de disparo não é compatível com tiros direcionados a ocupantes de um carro em movimento ou mesmo em uma emboscada, reforçando dúvidas sobre a dinâmica apresentada inicialmente.
No caso da segunda vítima, além dos múltiplos ferimentos por arma de fogo, foi identificado um disparo com entrada na parte posterior da coxa esquerda e saída pela região anterior. Para a defesa, a trajetória do projétil sugere que a vítima não morreu imediatamente durante a suposta emboscada, levantando a possibilidade de que o tiro tenha ocorrido em outro momento ou posição, fora do veículo.
O laudo da terceira vítima é considerado um dos mais sensíveis pela defesa. Além de um disparo a curta distância no lado esquerdo do rosto, foi constatada uma extensa lesão corto-contusa no tórax, compatível com instrumento como facão ou foice, e não com arma de fogo. O relatório pericial não detalha a dinâmica dessa lesão, o que amplia as dúvidas sobre o local e a forma da execução.
Outro ponto destacado é a identificação de ao menos um disparo com trajetória ascendente. Segundo os especialistas, esse dado torna improvável que o tiro tenha sido efetuado contra uma vítima sentada dentro de um veículo, reforçando a hipótese de que ela tenha sido retirada do carro ou já estivesse fora dele no momento do disparo.
No laudo da quarta vítima, foram registradas fraturas na clavícula direita sem relação com arma de fogo, também sem explicação técnica detalhada sobre a origem da lesão. Ainda assim, o padrão de múltiplos disparos se mantém, novamente com predominância no lado esquerdo do corpo.
Veja vídeo do último registro deles antes de serem mortos:
Investigação
A defesa também questiona a ausência de registros fotográficos anexados aos laudos, alegando que a falta desse material compromete a reconstituição da cena do crime e a análise precisa das trajetórias dos projéteis. Outro ponto criticado é o intervalo de aproximadamente 20 dias até a realização de diligências na área da chácara onde foram encontrados estojos e projéteis.
Diante desses elementos, a avaliação técnica indica fortes indícios de execução a queima-roupa, sugerindo que as mortes não ocorreram exclusivamente dentro do veículo, como divulgado inicialmente. A hipótese considerada é a de que as vítimas tenham sido retiradas do carro, executadas em outro local e, possivelmente, submetidas a agressões com diferentes instrumentos.
O caso segue em investigação, enquanto familiares aguardam esclarecimentos mais aprofundados sobre a real dinâmica dos homicídios.
Veja mais:
- Viúva compartilha vídeo de amigos antes do desaparecimento em Icaraíma: ‘Vocês foram juntos até o fim’
- Policiais são investigados no caso de amigos mortos após cobrar dívida no Paraná
- Emboscada, morte instantânea e policiais suspeitos: veja novos detalhes da investigação sobre amigos mortos no Paraná

