6 animais que fazem fotossíntese, mas que não são planta

Siga o Olhar Digital no Google Discover

Quando pensamos em fotossíntese, a imagem que vem à cabeça costuma ser a de plantas, algas ou árvores absorvendo luz solar para produzir energia. A ideia de um animal realizando esse processo parece coisa de ficção científica ou, para quem cresceu com videogames e animes, algo típico do universo Pokémon, onde criaturas metade planta, metade bicho são absolutamente normais.

Ofertas

Curiosamente, a natureza real é bem mais criativa do que parece. Embora animais não façam fotossíntese da mesma forma que plantas, existem espécies que desenvolveram estratégias surpreendentes para “terceirizar” esse processo, usando algas, bactérias ou estruturas especiais para aproveitar a energia do sol de maneira indireta.

Leia mais:

É como se alguns animais fossem versões naturais dos Pokémon tipo planta: não têm folhas nem raízes, mas encontraram um jeito de viver em parceria com organismos fotossintetizantes. Veja a seguir seis exemplos reais de animais que desafiam o senso comum e mostram como a evolução pode ser engenhosa.

Existem espécies de animais que desenvolveram estratégias surpreendentes para “terceirizar” esse processo, usando algas, bactérias ou estruturas especiais para aproveitar a energia do sol de maneira indireta. (Imagem: Patrick J. Krug/Wikimedia Commons]

Pokémon tipo planta? Conheça 6 animais que fazem fotossíntese

A fotossíntese é o processo pelo qual certos organismos usam a luz do sol para produzir energia química a partir de água, dióxido de carbono e pigmentos como a clorofila. O resultado desse processo é a produção de açúcares, que servem como fonte de energia, e a liberação de oxigênio na atmosfera, algo essencial para a vida na Terra.

Plantas, algas e algumas bactérias realizam a fotossíntese diretamente, mas animais, em regra, não possuem clorofila nem estruturas adequadas para isso. Ainda assim, algumas espécies encontraram um “atalho evolutivo”, vivendo em associação com organismos fotossintetizantes e se beneficiando da energia produzida por eles.

Lesma-do-mar Elysia chlorotica

foto de close de uma lesma do mar verde
Imagem: Patrick J. Krug / Divulgação

Conhecida popularmente como lesma-do-mar verde, a Elysia chlorotica é um dos exemplos mais famosos de animal associado à fotossíntese. Essa pequena lesma vive em regiões costeiras do Atlântico Norte, principalmente nos Estados Unidos e no Canadá, e chama atenção pela coloração verde intensa, que lembra uma folha.

O que torna esse animal especial é sua capacidade de “roubar” cloroplastos de algas que consome. Esses cloroplastos permanecem funcionais dentro das células da lesma, permitindo que ela produza energia a partir da luz solar. Não é uma fotossíntese própria, mas uma verdadeira gambiarra biológica, conhecida como cleptoplastia, que reduz a necessidade de alimentação por longos períodos.

Salamandra Ambystoma maculatum

salamandra-pintada, de nome científico Ambystoma maculatum
A salamandra-pintada, de nome científico Ambystoma maculatum. Imagem: Mike Wilhelm / Shutterstock

A salamandra-pintada, de nome científico Ambystoma maculatum, vive em florestas úmidas da América do Norte e é um caso raro entre vertebrados. Seu ciclo reprodutivo envolve a deposição de ovos em ambientes aquáticos, onde ocorre uma associação incomum com algas microscópicas.

Essas algas vivem dentro dos ovos da salamandra e realizam fotossíntese, fornecendo oxigênio e nutrientes para os embriões em desenvolvimento. Embora a salamandra adulta não faça fotossíntese, essa parceria é essencial nas fases iniciais da vida, tornando o caso um dos exemplos mais intrigantes de cooperação entre animal e organismo fotossintetizante.

Coral (ordem Scleractinia)

Recife de coral com um grande coral Acropora (Scleractinia) no fundo do mar tropical, paisagem subaquática
Recife de coral com um grande coral Acropora (Scleractinia) no fundo do mar tropical, paisagem subaquática. Imagem: Jolanta Wojcicka / Shutterstock

Os corais são frequentemente confundidos com plantas ou rochas, mas na verdade são animais marinhos pertencentes ao grupo dos cnidários. Eles vivem principalmente em águas tropicais rasas, formando recifes que abrigam uma enorme diversidade de vida marinha.

A “fotossíntese” dos corais acontece graças às zooxantelas, algas microscópicas que vivem dentro de seus tecidos. Essas algas produzem energia por meio da luz solar e compartilham parte dos nutrientes com o coral, enquanto recebem abrigo e compostos essenciais. Essa relação simbiótica é tão importante que, sem ela, muitos recifes simplesmente não existiriam.

Lesma-do-mar Elysia timida

(Imagem: Géry PARENT/Wikimedia Commons)

Outra espécie do gênero Elysia, a Elysia timida, vive principalmente no Mar Mediterrâneo e também é conhecida por sua aparência semelhante a uma folha. Pequena e delicada, ela se camufla facilmente no ambiente, o que já seria uma vantagem evolutiva por si só.

Assim como sua parente mais famosa, essa lesma sequestra cloroplastos das algas que consome e os mantém ativos dentro do próprio corpo. Esses cloroplastos continuam realizando fotossíntese, fornecendo energia adicional. Trata-se, novamente, de uma estratégia indireta, mas extremamente eficiente para sobreviver em ambientes com poucos recursos.

Esponjas marinhas fotossimbióticas

(Imagem: Twilight Zone Expedition Team/Wikimedia Commons)

As esponjas marinhas pertencem ao grupo dos poríferos e estão entre os animais mais antigos do planeta. Encontradas em oceanos de todo o mundo, elas possuem uma estrutura simples, sem órgãos definidos, mas cumprem um papel fundamental nos ecossistemas aquáticos.

Algumas espécies vivem em simbiose com algas ou cianobactérias fotossintetizantes. Esses microrganismos produzem energia usando a luz solar, enquanto a esponja fornece abrigo e nutrientes. Embora a esponja em si não faça fotossíntese, essa parceria garante uma fonte extra de energia e contribui para o equilíbrio ambiental.

Água-viva Cassiopea (água-viva invertida)

Pequena medusa Cassiopea andromeda em água azul
Pequena medusa Cassiopea andromeda em água azul. Imagem: Laura Dts / Shutterstock

A Cassiopea, conhecida como água-viva invertida, vive em regiões tropicais e subtropicais, geralmente em águas rasas e tranquilas. Seu nome vem do hábito curioso de ficar com o corpo voltado para cima, com os tentáculos apontando para o sol.

Essa posição estratégica não é aleatória. A Cassiopea abriga algas fotossintetizantes em seus tecidos, que produzem energia a partir da luz solar. Em troca, a água-viva oferece proteção e acesso à luz, funcionando como uma “plataforma viva” para a fotossíntese acontecer.