2025 foi incrível para videogames, mas ninguém saberia pelo Game Awards

O Game Awards, ou Premiação dos Games, é considerado o maior evento da categoria, muitas vezes chamado de Oscar dos videogames. Em 2025, Clair Obscur: Expedition 33 ganhou impressionantes nove dos 10 prêmios que disputou, inclusive Jogo do Ano, e, assim, conquistou o recorde de título mais premiado na história do evento — e não foi sem razão.

Lançado em abril como o primeiro jogo de uma produtora despretensiosa, o game vendeu mais de 5 milhões de cópias ao redor do mundo e foi fortemente aclamado pelos críticos. Com uma narrativa tocante sobre luto e superação, personagens marcantes, e trilha sonora incrível, o jogo, que contou com uma equipe principal de apenas 33 funcionários, é um marco positivo em uma indústria que, por muito tempo, ofuscou títulos independentes em favor de produtoras milionárias.

Quatro homens vestidos com roupas claras e boina vermelha e que trabalham na equipe do jogo Clair Obscur
Guillaume Broche, Francois Meurisse, Tom Guillermin e Nicholas Maxson-Francombe de Clair Obscur: Expedition 33 no Game Awards 2025

Essa reformulação na demanda dos consumidores e na aclamação dos críticos não é de hoje, mas culminou em 2025 com o sucesso de uma grande variedade de jogos únicos e fantásticos. Desde Death Stranding, produzido por estimados 200 funcionários e orçamento de cerca de US$ 100 milhões, até Hollowknight Silksong, feito por uma equipe de três (sim, três) pessoas, o rol de indicados a Jogo do Ano valoriza a paixão e a diversidade. Mas há um problema: o vencedor é um só. Claro, todo pódio é assim, mas o Game Awards tem várias categorias específicas de melhor jogo, não somente o grande prêmio de Jogo do Ano. E Clair Obscur: Expedition 33 ganhou todos.

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Com isso, o que deveria ser uma celebração da qualidade e diversidade que 2025 representou para os videogames se transformou em uma onda de críticas à premiação, além de desprezo e antipatia a um dos melhores títulos da temporada, talvez de todos os tempos (sim, foi tão influente assim). Expedition 33 ganhou nove prêmios, e quatro deles foram: Jogo do Ano, Jogo Independente (Indie), Jogo RPG, e Debut Indie — todas são categorias de “melhor jogo”, embora mais específicas. Raramente um único produto se encaixa em todas essas condições ao mesmo tempo, mas Clair Obscur, felizmente ou infelizmente, conquistou tal feito. Sendo assim, não chega a ser injusto o vencedor do maior prêmio da noite também levar as demais categorias. Isto é, se puder concorrer em todas elas.

A Orquestra do Game Awards Orchestra faz show no palco da premiação
A Orquestra do Game Awards Orchestra faz show no palco da premiação

Acontece que o Game Awards não representa somente uma premiação: o evento é também um ato simbólico para enaltecer as conquistas do ano que passou, bem como anunciar projetos futuros, e dar apoio à comunidade de criadores e consumidores. É um momento de confraternização, reconhecimento, divulgação e homenagens à história dos games, que não deveria ofuscar tantos excelentes projetos. O fato de Clair Obscur: Expedition 33 ser, coincidentemente, enquadrado em diversas categorias de melhor jogo escancara uma mudança de regulamento que os fãs urgem para acontecer: que o vencedor do maior prêmio da noite não dispute as demais categorias de melhor jogo.

Quem acompanhou somente a premiação, sem se aprofundar no cenário em si, saiu com a impressão de que um dos anos mais diversos e admiráveis na história recente dos videogames teve apenas um jogo notável, o que passa longe da realidade. E esse jogo notável, bem como o evento em si, recebeu em troca um excesso de boicotes, brigas e protestos que mancham uma bela trajetória de uma grande instituição: a dos videogames, não a do Game Awards.