Enquanto o Rio de Janeiro enfrenta a operação policial mais letal de sua história contra o Comando Vermelho, o Primeiro Comando da Capital consolida seu poder em outra região do país, contando com apoio internacional. Um vídeo mostra Sebastián Marset, considerado um dos traficantes mais procurados do mundo, reunido com lideranças do PCC e fazendo ameaças diretas a rivais e às forças policiais.

No vídeo, Marset provoca e ameaça diretamente o Estado: Foto/Reprodução
A gravação foi realizada em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde Marset mantém sua base de operações. No vídeo, ele aparece armado com um fuzil, cercado por aliados igualmente armados, diante de bandeiras e símbolos ligados ao PCC, que demonstram também a atuação do grupo no Paraguai.
Segundo apuração da coluna, estavam presentes criminosos identificados como Patric Velinton Salomão, conhecido como Forjado, Pedro Luiz da Silva Soares, o Chacal, e Sérgio Luiz de Freitas Filho, chamado Mijão, todos apontados como integrantes da liderança das ruas do PCC.
No vídeo, Marset provoca e ameaça diretamente o Estado. Ele afirma que os esforços para localizá-lo são inúteis, declarando que pode se movimentar entre Bolívia, Paraguai e Colômbia, e que está preparado para a guerra contra quem se colocar contra ele, citando especificamente Erlan García López, conhecido como El Colla, ex-aliado e atualmente um de seus principais rivais. Investigações indicam que Marset teria sequestrado Colla recentemente, intensificando a disputa entre facções na Bolívia.
Conhecido como El Jugador, ou O Jogador, o uruguaio de 34 anos é apontado por agências internacionais como um dos maiores chefes do narcotráfico na América do Sul. Ele está na lista vermelha da Interpol e é procurado pela DEA nos Estados Unidos, e recentemente tornou-se parceiro estratégico do PCC.
Marset é acusado de enviar mais de 16 toneladas de cocaína pura da Bolívia para a Europa, comandar uma rede milionária de lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada, corromper instituições nos países onde atua e financiar ou ordenar homicídios ligados a disputas do tráfico. Operações internacionais revelaram parte da estrutura do cartel, incluindo a apreensão de 13 aviões, 80 caminhões, sete embarcações, mais de cinco mil cabeças de gado, 10 toneladas de cocaína puríssima e um milhão de dólares em joias. Ele chegou a comprar um time de futebol na Bolívia, atuando como atleta profissional sob identidade brasileira falsificada.
A aliança com o PCC se consolidou após anos de convivência com integrantes da facção na prisão Libertad, no Uruguai. Após a soltura, o cartel uruguaio passou a atuar como braço logístico do PCC na rota Bolívia–Brasil–Paraguai–Europa. Autoridades brasileiras acompanham o avanço da facção nas fronteiras enquanto o Rio de Janeiro enfrenta o CV em seu maior reduto.
O poder de Marset também se sustenta na eliminação violenta de rivais. Em agosto, três europeus ligados à máfia dos Bálcãs foram sequestrados, torturados e executados em Santa Cruz, crime atribuído ao grupo do uruguaio. Antes, no Paraguai, um tenente-coronel do Exército foi morto por pistoleiros após enfrentar a corrupção em presídios controlados pelo PCC.
A esposa de Marset, Gianina García Troche, foi extraditada da Espanha e cumpre pena por tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e associação ao tráfico. A prisão dela intensificou o cerco internacional contra o cartel do uruguaio.
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Com informações Metrópoles
