Um médico-veterinário foi condenado pela Justiça do Acre por participar da fabricação e venda de carne seca adulterada, produzida em condições sanitárias irregulares em uma indústria localizada às margens da Rodovia AC-40, em Rio Branco. A sentença foi proferida pela 2ª Vara Criminal da capital e é resultado de uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Acre (MPAC).

Na decisão, o juízo reconheceu que o responsável técnico da empresa tinha plena consciência das irregularidades | Foto: Ascom
De acordo com o órgão, a operação que revelou o esquema ocorreu em junho de 2024 e contou com apoio do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), da Vigilância Sanitária estadual e municipal e das polícias Civil e Militar. No local, foram apreendidos cerca de 3,8 mil quilos de carne bovina imprópria para o consumo humano, além de equipamentos e embalagens com rótulos falsificados.
As análises técnicas realizadas pelo Núcleo de Apoio Técnico (NAT) do MP confirmaram que a fábrica utilizava sal mineral de uso animal no preparo da carne seca, conhecida como charque. O produto adulterado era distribuído para supermercados e chegou a ser usado em merendas escolares de municípios do interior.
O relatório ainda apontou condições precárias de higiene no ambiente de produção e a falsificação de informações nas embalagens, incluindo endereços inexistentes e ausência de registro sanitário. Todo o material apreendido foi descartado no aterro sanitário de Rio Branco.
Na decisão, o juízo reconheceu que o responsável técnico da empresa tinha plena consciência das irregularidades e que a adulteração configurava crime contra a saúde pública. O veterinário foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão em regime semiaberto, além do pagamento de multa.
Um segundo envolvido, gerente de um dos pontos de venda do produto, foi absolvido por falta de provas de participação direta na fabricação. A ação reforça a importância da fiscalização conjunta entre órgãos de controle e segurança para garantir a qualidade dos alimentos que chegam à mesa dos acreanos.