Juruá Informativo

Vale do Silício financia pesquisas de edição genética em embriões humanos

Vale do Silício financia pesquisas de edição genética em embriões humanos

Empresários do Vale do Silício estão financiando uma das apostas mais ousadas da biotecnologia moderna: a criação de embriões geneticamente modificados para eliminar doenças hereditárias.

Segundo o The Wall Street Journal, a startup Preventine, apoiada por Sam Altman (OpenAI) e Brian Armstrong (Coinbase), quer provar que a edição genética pode tornar o nascimento de bebês mais saudáveis. No entanto, a iniciativa reacende um intenso debate ético.

Embora proibido nos Estados Unidos, a edição genética de embriões está na pauta de diversas startups do Vale do Silício, que levam seus testes para outros países que autorizam o processo.
Embora proibido nos Estados Unidos, a edição genética de embriões está na pauta de diversas startups do Vale do Silício, que levam seus testes para outros países que autorizam o processo. Imagem: Cryptographer / Shutterstock

Uma nova fronteira da genética humana

A Preventine, sediada em São Francisco, desenvolve pesquisas para editar o DNA de embriões e prevenir doenças hereditárias graves. Embora o uso dessas técnicas em seres humanos seja proibido nos Estados Unidos, a empresa busca realizar testes em países que permitem o procedimento, como os Emirados Árabes Unidos.

A ideia é usar técnicas como o CRISPR, tecnologia já aplicada em tratamentos após o nascimento, para alterar genes antes mesmo da fecundação. O objetivo declarado é prevenir doenças, mas críticos temem que isso abra caminho para uma era de “aperfeiçoamento genético” humano.

Estamos comprometidos com a transparência em nossa pesquisa e publicaremos nossas descobertas, sejam elas positivas ou negativas, antes de considerarmos quaisquer ensaios clínicos em potencial.

Lucas Harrington, CEO da Preventine, ao WSJ.

Harrington afirma que a empresa não pretende apressar experimentos em bebês, mas já levantou US$ 30 milhões (R$ 159 milhões) para avançar nas pesquisas e promete divulgar seus resultados publicamente.

Algumas empresas de edição genética oferecem pacotes de análise para até 100 embriões ao longo de cinco anos para que os pais escolham o que desejam para a fertilização. Imagem: Corona Borealis Studio/Shutterstock

O poder da edição genética e o risco da eugenia

Quando o DNA vira um negócio

Com a expansão das startups de biotecnologia, surge também um mercado bilionário. Os testes de triagem genética custam entre US$ 2.500 e US$ 50 mil (R$ 13,2 mil a R$ 265 mil), dependendo do número de embriões analisados. Empresas como a Herasight chegam a oferecer pacotes para até 100 embriões ao longo de cinco anos.

Críticos, como o bioeticista Hank Greely, da Universidade de Stanford, alertam que os riscos ainda são muito altos. “Adultos responsáveis concordam que não podemos fazer isso agora porque é extremamente inseguro. A relação risco-benefício é péssima”, afirma.

A edição de embriões pode alterar o DNA de gerações futuras, com consequências imprevisíveis, alertam especialistas. Imagem: vetre/Shutterstock

Esse será o futuro da reprodução humana?

Apesar dos riscos, o interesse em tecnologias de reprodução genética cresce rapidamente. A Preventine acredita que a combinação entre edição genética e triagem poligênica poderá transformar clínicas de fertilização em verdadeiros laboratórios de design biológico.

Leia mais:

Especialistas, porém, pedem cautela. A edição de embriões pode alterar o DNA de gerações futuras, com consequências imprevisíveis, exigindo que os estudos envolvendo o CRISPR sejam transparentes para avaliar o real potencial da tecnologia.

Por enquanto, a promessa é de uma revolução genética em andamento – uma que busca curar doenças, mas que também pode redefinir o que significa ser humano, para o bem ou para o mal.

Sair da versão mobile