Juruá Informativo

Tornado no Paraná pode ser um dos mais fortes já registrados no Brasil

Tornado no Paraná pode ser um dos mais fortes já registrados no Brasil

O tornado que atingiu a região Centro-Sul do Paraná na noite de sexta-feira (7) pode ser um dos mais fortes do Brasil. O evento é consequência de um ciclone extratropical que afetou a Região Sul do país e já deixou seis mortos.

A avaliação é do pesquisador Daniel Henrique Cândido, doutor em geografia pela Unicamp, em entrevista ao g1. Ele também destacou como o Brasil é destaque quando se trata de tornados, sendo uma área de risco.

tornado no paraná
Até sábado, 750 pessoas feridas foram atendidas no Paraná em decorrência do tornado (Imagem: Governo do Paraná/Reprodução)

Tornado no Paraná é um dos mais fortes do Brasil

O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) classificou o tornado como de categoria F3, numa escala que vai até 5. Os ventos chegaram a 250 km/h e deixaram seis vítimas. A cidade mais afetada foi Rio Bonito do Iguaçu, com 90% do município destruído e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) adiado neste domingo (9).

Segundo Daniel Henrique Cândido, o tornado pode estar entre os 10 piores já registrados no Brasil. Em tese de doutorado defendida em 2012, o pesquisador catalogou 205 desses eventos entre 1990 e 2011. A lista incluindo os tornados de Itu (SP), com 15 mortos em 1991, Almirante Tamandaré (PR), com seis mortos e escala EF3 em 1992, e de Nova Laranjeiras (PR), com quatro mortos em 1997.

Ventos chegaram a 250 km/h (Imagem: BEST-BACKGROUNDS/Shutterstock)

Brasil tem histórico de tornados

Cândido revelou ao g1 que o Brasil tem um histórico de tornados e, inclusive, é destaque mundial nesse assunto. Segundo ele, a região é a “segunda área de risco mais intenso de ocorrência de tornados no mundo”, atrás apenas do corredor dos tornados nos Estados Unidos.

Isso tem motivo: as condições geográficas e climáticas da América do Sul. O Centro-Sul do continente (Brasil, Paraguai e norte da Argentina) é uma área plana e que favorece o encontro de massas. A Cordilheira dos Andes, a oeste, e a Serra do Mar, no litoral brasileira, favorecem essa presença.

O resultado é um cenário em que as massas de ar avançam rapidamente e formam tempestades severas, ciclones e tornados.

Inclusive, na tese de doutorado de 2012, o pesquisador defende a criação de uma Escala Brasileira de Ventos (Ebrav), com níveis de 0 a 7, voltada às especificidades do evento no país. Nesse caso, o primeiro estágio seria a de ventos até 50 km/h, sem risco de danos. O último estágio é de ventos acima de 260 km/h, com destruição generalizada da área urbana.

No caso do tornado no Paraná, a escala Ebrav o classificaria como nível 6. Isso porque há potencial de desabamento de casas de alvenaria, levantamento de automóveis pelo vento, quebra de postes de cimento e queda de torres de alta tensão, e quebra de vidros em edifícios altos.

Enem foi adiado em Rio Bonito do Iguaçu (Imagem: Brenda Rocha – Blossom / Shutterstock)

Leia mais:

Como se prevenir?

Sair da versão mobile